12 de abril de 2022

Opinião – “Azor – Nem uma Palavra” de Andreas Fontana


 Sinopse

Argentina, 1980. O banqueiro suíço Yvan de Wiel chega de Genebra com a mulher, Ines, após o desaparecimento súbito e sem deixar rasto do seu sócio. Thriller político sobre as relações perigosas da banca internacional com a ditadura militar argentina, Azor (que na gíria bancária quer dizer “tem cuidado com o que dizes”) é um filme em permanente suspense sobre os anos de chumbo daquele país. Num clima sufocante (a fazer-nos lembrar o cinema de Lucrecia Martel), onde se desconfia de cada gesto e de cada sorriso, onde a traição e a denúncia espreitam atrás de cada porta, ao virar de cada esquina.

Opinião por Artur Neves

Andreas Fontana é um diretor suíço que tem neste filme o seu longa metragem de estreia apos uma séria para TV, uma curta metragem e outras participações de menor importância que não definem a qualidade de um realizador. Não satisfeito com o argumento ele participa também na sua escritura com Mariano Llinas de forma a conferir à história este particular linguístico de o representante de um banco privado ir a Argentina em 1980 (um período complicado para a América Latina) de oferecer os seus préstimos financeiros numa particular altura em que o seu único sócio desapareceu.

Azor, que dizer na gíria dos contratos financeiros “não digas mais nada sobre o negócio” pelo que a parte irritante deste filme se resume a contatos sobre novos contatos em que nada acontece. Isto é, ele viaja na Argentina, comparece em festas em conjunto com sua mulher, estabelece relações e tudo o que sabemos é somente as palavras iniciais, eventuais censura ou recomendações sobre o seu desaparecimento do seu sócio a que ele não sabe responder.

Todos os locais que nos apresentam é sempre a que ele comparece coma sua mulher, é irritantemente sofisticado e subtil, as em que todos os contatos o que sobressai para nós é o desidratado meio ambiente da alta finança cujo objetivo respeita a coisas que não devem ser comentadas nem tão pouco desenvolvidas mesmo nos seus pormenores mais ligeiros e devem obedecer ao “Azor” fundamental de um investidor que a partir de certos princípios deve corresponder em “Fique em Silencio”.

Muito provavelmente só o estigma de um realizador suíço é que chamou a atenção para isto e para fazer com ele um filme de estreia da sua atividade. Yvan de Wiel (Fabrizio Rongione) é o banqueiro de alta finança que levou cabo aquela viagem para acalmar os seus clientes mais abastados e secretos, na companhia de sua elegante e solidária esposa Inés de Wiel (Stéphanie Cléau), para sinalizar que todos os investimentos correm como previsto considerando que o ambiente geral do país não é crucial à fruição do negócio, mas que apesar disso fora dali tudo corre como previsto e expectável naquele nível e negócio.

Yvan desconhece como aconteceu o desaparecimento do seu sócio Réné que mantinha um apartamento na cidade e que ele procura visitá-lo, até porque a versão que corre do facto de ele ter “virado nativo” e viajado para o interior a selva, soa-lhe estranho e completamente impróprio do socio que ele conheceu. Ao conseguir a chave do apartamento ele procura o seu interior algo que o instrua, que lhe ajude a compreender o facto. Na sua secretária de trabalho ele encontra um papel manhoso que o levou a pensar que talvez ele tenha deixado de cumprir o código “Azor”. Havia um nome que ele nunca tinha visto, “Lazaro”, e ele começou a pensar que “Lazaro” seria uma personagem criada por ele e que ele partilhou a outros depositantes ou seria apena uma criação de “Lazaro” feita pelo seu próprio socio?...

É isto que depreendemos do filme, conversa circunstanciais ou apena questões que se podem assumir como dúvidas de uma situação em que nada se conhece, nada de concreto existe, nada se pode concluir porque no fim da história as suas questões são sempre as mesmas que a sua expectativa levou a ver este filme. Olhando para o argumento que nos apresentaram é um vazio de ideias que se mantém até ao fim como no início e que só pode ter atraído um realizador suíço, que fazer de um tema inédito, só pode continua e ecoar estranhamente no interior da minha cabeça, por a falta de sentido ser em si mesma um sentido.

Tem estreia prevista em sala dia 21 de Abril

Classificação: 4 numa escala de 10

Sem comentários: