13 de outubro de 2021

Opinião – “DUNE - DUNA” de Denis Villeneuve

Sinopse

Denis Villeneuve (“O Primeiro Encontro”, “Blade Runner 2049”), nomeado a um Óscar, é o realizador de “DUNE - DUNA”, a adaptação para o grande ecrã do bestseller homónimo de Frank Herbert. Nesta viagem mítica e emocional, o filme conta a história de Paul Atreides, um jovem brilhante e talentoso com um grande destino para além da sua compreensão, que tem de viajar para o planeta mais perigoso do universo para garantir o futuro da sua família e do seu povo. Quando forças malévolas entram em conflito para obter uma quantidade exclusiva do recurso mais precioso do planeta – uma substância capaz de desbloquear o maior potencial da humanidade – apenas os que conquistam os seus medos conseguirão sobreviver.

Opinião por Artur Neves

Frank Herbert era em 1959 um escritor e jornalista freelancer a trabalhar para o departamento de agricultura dos USA e com uma propensão natural para a ecologia que queria perceber o problema das areias (ditas movediças) do estado do Oregon, que impulsionadas pelos ventos do oceano Pacífico, as levava pelo ar e cobriam tudo no seu caminho. A solução seria fixa-las ao solo através de plantas e ervas, embora tendo o inconveniente de colidir com as espécies autóctones alterando o ecossistema natural da região. Para acompanhar os trabalhos Frank inspecionava as dunas de areia do ar, voando sobre elas e foi num desses voos que lhe veio a ideia de estudar e aprofundar a mitologia dos desertos e as crenças dos povos que lá viviam, donde resultaram dois livros de ficção científica que foram publicados pela editora; Analog Science Fact & Fiction, posteriormente reunidos num único volume, “Dune” que foi publicado em 1965 mas que devido ao seu extenso tamanho, somente em 1970 atingiu a notoriedade que hoje ocupa no universo da ficção científica, sendo considerado o maior romance de ficção científica de todos os tempos.

A história de “Dune” bem sumarizada na sinopse, envolve todas as ligações que podemos imaginar entre, política, economia e religião, com todos os mitos da criação e da vinda e um messias para pacificar e reunir todos os povos da galáxia (note-se que a história passa-se no ano 10.191 em que os humanos já saíram da terra e dominam a galáxia que é governada no conjunto de todos os planetas) mostrando uma tecnologia muito à frente da nossa época em total respeito com a ecologia, muito embora sem se terem ultrapassado os paradoxos filosóficos, religiosos e psicológicos que condicionam as escolhas humanas ainda e sempre, submetidas ao livre arbítrio. Dune vai também buscar referências e inspiração a Isac Azimov na sua saga “Fundação” publicada em 1942, mas adaptada à Era de Aquário ou “Era do Ser” que em 1960 se acreditava trazer benefícios e progresso para a humanidade, mas que do ponto de vista astrológico não encontra consenso na data do seu início que uns dizem ser em 2000, outros 2600 e outros somente em 3000.

O imperador galáctico governa os mundos pelo controlo das casas (famílias) nobres que gerem os seus feudos planetários e estabelecem ligações entre si de acordo com as suas preferências, sentido de oportunidade e conveniência do imperador que tem o poder de impor as regras do jogo, muito à semelhança do Império Bizantino da antiguidade, que se formou a partir da divisão do Império Romano no ano 476 DC, igualmente organizado em castas e feudos familiares, tem aqui o seu fundamento.

Do ponto de vista fílmico, esta obra é soberba e é para mim, até agora, o melhor filme desta época pós pandémica (sem qualquer desprimor para o último James Bond, refira-se) recheado de um elenco fabuloso a começar pelo messias em crescimento Paul Atreides (Timothée Chalamet) com o mesmo ar frágil que lhe conhecemos em “Chama-me pelo teu Nome” de 2017, e sua mãe Jessica Atreides (Rebecca Fergunson) a insinuante Ilsa Faust de “Missão Impossível” de 2015 e 2018, ou o guardião de Paul Atreides, Duncan (Jason Momoa) que começou em “Marés Vivas” e já foi “Aquaman” em 2018, bem como muitos outros. Todos desempenham personagens credíveis envolvidos por uma banda sonora espetacular criada por Hans Zimmer, que já nos deu o excelente “Gladiador” em 2000 ou “Começo” (Inception) em 2010, ou Dunkirk em 2017 tendo sido nomeado nove vezes para o Oscar. Denis Villeneuve já declarou que não vai fazer apenas um filme e decorrente disso, este “Dune” é apenas a Parte 1. Se terá só duas, ou três partes como “O Senhor dos Anéis”, tudo depende do rendimento obtido por este investimento de 150 milhões Euros. Pelo profundo envolvimento que a história tem com a natureza humana e pela qualidade dos pormenores de realização recomendo-o vivamente como um bom espetáculo. De preferência em IMAX.

Classificação: 8,5 numa escala de 10

Tem estreia prevista nas salas para dia 21 de Outubro

 

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