6 de novembro de 2020

Opinião – “Um Bando de vigaristas em Holywood” de George Gallo

Sinopse

O produtor Max Barber (Robert de Niro) contrai uma dívida junto do chefe da máfia Reggie Fontaine (Morgan Freeman), devido ao seu último fiasco cinematográfico. Com a vida em jogo, Max produz um novo filme apenas para matar o protagonista numa acrobacia e cobrar o prémio do seguro. Mas quando Max escolhe Duke Montana (Tommy Lee Jones), não espera que o velho alcoólico se sinta revitalizado perante as câmaras. Incapaz de matar Duke numa acrobacia básica, Max coloca-o em situações cada vez mais perigosas, das quais Duke se vai safando sempre. Até onde irá Max, o produtor falhado, para salvar a sua pele?

Opinião por Artur Neves

Com algumas semelhanças conceptuais com “Era uma vez em Hollywood”, a história deste filme, contada em tom de comédia evoca o cinema dentro do cinema na pessoa de Max Barber um produtor empedernido pelos falhanços de bilheteira das suas apostas comerciais, mas que ainda assim tem um sonho de produzir um filme que fique para a memória do cinema e o resgate a ele do secundaríssimo papel que a indústria relegou todos os seus trabalhos até agora.

Para isso, George Gallo um realizador americano que tem no seu curriculum reconhecidos êxitos no género de comédia, tais como; a saga dos “Bad Boys” (4 filmes), “Negócio para Adultos” de 2009, ou “Fuga à Meia-noite” de 1988 para o qual escreveu o argumento, todos no mesmo estilo de comédia capciosa que reúne, suspense e caraterísticas de thriller, rodeou-se de nomes sonantes de Hollywood ainda no ativo e sem copiar Tarantino, inspirou-se na sua mais recente realização pegando no tema dos westerns, que estiveram em voga nas décadas de 50, 60 e 70 e concebeu o argumento que deu origem a esta paródia que recria as cenas mais emblemáticas dos filmes ditos “de cowboys” em que estes perseguem os índios numa qualquer epopeia da conquista do oeste pelos imigrantes que aportaram a este novo mundo.

A história está concebida com graça, contendo vários momentos que nos fazem rir, num enredo velhaco em que os princípios que o norteiam não são nem por sombras, os mais nobres, mas que acaba na redenção do seu autor e na satisfação das suas dívidas aos credores que o perseguem, mas que imediatamente se associam ao êxito conquistado por este. Até os rivais reconhecem o sucesso dando-lhe oportunidade de o incluir justificadamente na galeria dos heróis da sétima arte.

Ao apreciar esta história, descrita na sinopse, que não passa de uma comédia inofensiva sem mensagem ética ou moral, pois Max Barber é largamente recompensado pelos seus instintos canalhas de pretender enriquecer à custa do seguro de vida de Duke Montana (Tommy Lee Jones), ao convidá-lo para protagonizar um filme para o qual ele manifestamente não apresenta condições físicas de resistência para as interpretar e que podem causar-lhe a morte, que aliás, ele procura porfiadamente provocar o mais rapidamente possível, pergunto-me; o que justificará o envolvimento destes atores consagrados e em fim de carreira, participar num filme como este em que os seus nomes associados à memória de êxitos passados, são maiores do que o personagem que aqui desempenham.

Será o dinheiro?... será a continuação do trabalho?... será o ambiente de camaradagem que se forma na equipa enquanto duram as filmagens?... não sei, e talvez até seja um pouco de tudo, mas para Robert de Niro significa um furos abaixo do seu desempenho em “O Irlandês” de 2019. Todavia o filme é engraçado, promove umas boas gargalhadas e todos os saudosos dos velhos “westerns” irão com certeza gostar.

Classificação: 6 numa escala de 10

 

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