2 de maio de 2020

Opinião – “Bad Education” de Cory Finley


Sinopse

Inspirada em fatos reais, “Bad Education” segue Frank Tassone (Hugh Jackman) e Pam Gluckin (Allison Janney), que reinam num popular distrito escolar de Long Island, à beira do primeiro lugar do país, estimulando o recorde de admissões nas faculdades e os altos valores imobiliários. Mas quando surge um esquema de peculato que ameaça destruir tudo o que eles construíram, Frank é forçado a manter a ordem e o sigilo, por qualquer meio necessário.

Opinião por Artur Neves

Baseado numa história verídica publicada num artigo na revista New York sob o título; "The Bad Superintendent" o filme ilustra o maior crime de peculato levado a cabo na escola pública dos USA pelo diretor, Frank Tassone que em termos de desempenho do lugar ocupado conseguiu granjear os elogios e a consideração dos pais dos alunos, que pensavam ser ele o homem providencial para cumprir os objetivos de elevação social que eles tinham traçado para os seus filhos.
Quando o descalabro das contas começa a ser notado, ele ainda consegue imputar responsabilidades à diretora adjunta Pam Gluckin que é considerada culpada por desvio de US $ 250.000 do orçamento, (posteriormente vem a revelar-se que o real montante foi de US $ 4,3 milhões) corroborado por uma certa exibição de vida sem preocupações que ela ostentava nas múltiplas festas que dava na sua casa de férias na Florida, bem como na proteção financeira descarada que ela exercia sobre a sua sobrinha, Jenny Aquila (Annaleigh Ashford) que também foi acusada de um roubo no montante de US $ 780.000. Essas suspeitas conduzem-na à demissão do seu lugar e á reforma compulsiva, como primeira tentativa de Frank tentar ocultar o real volume do desvio.
O problema acentua-se quando, no desenvolvimento de um trabalho escolar inerente ao curso de jornalismo que frequentava, Rachel Bhargava (Geraldine Viswanathan) do 2º ano, investiga pormenorizadamente as contas do agrupamento de escolas daquele distrito, bem como, os destinos dos gastos escolares, tanto no aspeto dos valores despendidos como dos destinatários dessas encomendas e despesas que se revelam sumptuosas.
Frank Tassone (Hugh Jackman que nós conhecemos como herói da Marvel na saga “X-Man” e “Logan”) está perfeito neste desempenho como o responsável do agrupamento escolar de Roslyn High School, localizada em North Shore, em Long Island, durante 12 anos, por um comportamento simpático e afável, pró-ativo e eficaz no levantamento dos problemas e no acompanhamento das necessidades dos alunos, tendo obtido o reconhecimento público do Wall Street Journal que classificou Roslyn como a sexta melhor escola pública da América, um mês antes do fatídico Maio de 2004 em que estas revelações foram expostas. Frank Tassone foi condenado por um desfalque no valor de US $ 2,2 milhões.
O filme conduzido pela mão de Cory Finley, que embora não muito experiente, consegue iluminar o argumento (pesado) de Mike Makowsky equilibrando harmoniosamente um tema censurável em todos os aspetos, num tom de comédia ágil, sem contudo branquear os aspetos negros desta história que se desenvolve fluida e surpreendente, revelando os acontecimentos ocorridos nesta escola do ensino médio, bem como, a personalidade dos seus autores.
Os principais personagens desta história não são mais do que caricaturas de ganancia, envolvidas num esquema de contabilidade criativa que não souberam, onde nem como parar e corrigir os seus desmandos. Eles são apenas humanos com defeitos graves, que quando apresentados desta forma ligeira, embora grave, contribuem como uma advertência para o mundo que nos rodeia, enquanto desfrutamos de um período de entretenimento que considero útil. Gostei.
O filme está disponível na plataforma digital HBO.

Classificação: 7 numa escala de 10

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