6 de fevereiro de 2020

Opinião – “Diamante Bruto” de Josh e Benny Safdie,


Sinopse

Dos aclamados cineastas Josh e Benny Safdie, (Irmãos Safdie) surge este eletrizante thriller policial sobre Howard Ratner (Adam Sandler), um carismático joalheiro de Nova Iorque sempre à procura do próximo grande sucesso. Quando ele faz uma série de apostas de alto risco que podem levar à sorte de uma vida inteira, Howard deve executar um ato precário, equilibrando negócios, família e atacando adversários por todos os lados, na sua busca incansável pela vitória final.

Opinião por Artur Neves

Mais uma grande realização de cinema independente que estreou em 31 de Janeiro na Netflix e que foi ignorada para os Óscares pela Academia Americana por preconceito, digo eu, pois Adam Sandler um habitual ator de comédias tem aqui a interpretação de uma vida no desempenho do personagem de Howard Ratner, o dono de uma joalharia situada no quarteirão de Manhattan conhecido como Diamond District onde estão localizadas as mais famosas lojas de artigos de luxo no ramo da relojoaria e das joias de mão, pulso ou pescoço. Consta que o seu número total é de cerca de 2600 lojas e todas competem acerrimamente entre si pelo maior volume de vendas.
Howard Ratner, para lá de joalheiro é um jogador de apostas inveterado que utiliza todo o tipo de esquemas, dos mais ilegais aos mais imorais para obter dinheiro que satisfaça o seu vício inultrapassável de apostar. Ele não é um vencedor, joga muito e ganha menos do que perde, pelo que para saldar as suas dívidas ele precisa que o dinheiro circule a todo o custo, para continuar a ter dinheiro que permita satisfazer a sua necessidade.
A história que suporta o filme é simples. Um joalheiro obtém um diamante em bruto e quer vendê-lo pelo maior preço para satisfazer o seu vício de jogo e as suas dívidas. O importante aqui é o personagem criado por Adam Sandler que se move em meios distintos, apresentando-se de camisa de seda rosa, ou dentro da sua jaqueta de couro folgada e amassada por muitos anos de uso, percorrendo a terra de ninguém do comércio legal e fraudulento, onde as marcas ocupam o objetivo principal dos clientes sejam verdadeiras ou contrafeitas pelos falsificadores locais. Tudo se vende, tudo serve para obter dinheiro, muito dinheiro.
Os irmãos Safdies que realizaram o filme, estudaram o local durante 2 anos, registaram o ambiente real, contactaram os vendedores locais ao ponto de alguns deles entrarem no filme e colocaram Howard Ratner no centro de uma tempestade implacável de relações humanas com fins comerciais que demonstrou a extraordinária capacidade de Sandler de assumir esse personagem maior do que o normal, mas incrivelmente humano, casado com uma mulher que não acredita num cabelo que lhe pertença, um filho que ele adora e uma amante que é simultaneamente sua secretária e confidente, de quem necessita como de dinheiro, mesmo ela não sendo tão fiel como ele desejaria.
As suas dívidas justificam o grupo de malfeitores que anda atras dele a exigir-lhe dinheiro e de quem ele não foge, nem se afasta porque um deles é o seu próprio irmão, judeu como ele, que entre duas idas à igreja e o jantar do dia de ação de graças o pressiona para que pague o que deve. Ele deposita toda a confiança na opala em bruto que obteve e na fixação de Kevin Garnett, ex-jogador da NBA, pela pedra cintilante que lhe quer comprar e que ele quer vender por um valor que o retire do sufoco em que vive com os seus credores.
Entretanto, ele ainda tem planos a cumprir no âmbito do vício do jogo e na forma como a venda da pedra lhe poderá render vantagens marginais. Um excelente filme e uma magnífica interpretação de um ator em que a Academia não reparou.

Classificação: 8 numa escala de 10

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