9 de março de 2019

Opinião – “Miss XL” de Anne Fletcher


Sinopse

Numa pequena cidade do Texas, a jovem Willowdean Dickson (Danielle Macdonald), vive com problemas em se sentir bem na sua pele. A situação não é ajudada pela pressão imposta pela mãe, Rosie (Jennifer Anniston), uma antiga rainha de concursos de beleza, que trata a filha por Dumplin e pouco tem em comum com ela.
Com o objectivo de agitar águas e aborrecer a mãe, Willowdean inscreve-se no concurso de beleza para adolescentes que Rosie está a organizar. Mas para grande surpresa sua, Will é apoiada por outras raparigas, que querem participar nesta “revolução de saltos” e mostrar ao mundo que a beleza vem de dentro.
Com a ajuda destes novos amigos, Willowdean e Rosie vão aprender a ultrapassar as diferenças, e confirmar que Dolly Parton estava certa quando disse que “se queres o arco-íris, tens de aguentar a chuva”.

Opinião por Artur Neves

De entre as coisas mais importantes na vida de todos nós ressalta a saúde e, também relacionado com o parâmetro anterior, a aceitação de nós próprios, tal como somos, com vontade de melhorar, sim, sempre, mas aceitando o que somos, como somos com todos os defeitos e virtudes inerentes ao exemplar humano que suporta diariamente o nosso despertar.
É esta a história que nos é contada neste filme, com um fino sentido de humor, por uma gordinha; Danielle MacDonald, que se assume em todo o seu esplendor do seu volume e peso pouco propenso à aceitação geral e às modas atuais de beleza. A sua aceitação reside na educação ministrada pela tia que a criou, fan de Dolly Parton que nos brindou com um livro, onde menciona o famoso aforismo mencionado na sinopse, que nos justifica a aceitação de sacrifícios em prol de um bem maior.
A realizadora Anne Fletcher, natural de Detroit, Michigan, que já nos apresentou em 2009 “A Proposta”, sobre a condição feminina no aspeto do relacionamento matrimonial, debruça-se agora sobre a condição feminina em si mesma, numa altura em que este assunto ocupa a ordem do dia com uma cultura preocupada sobre o feminismo sem reservas, genuinamente assumido, que não aceita como dantes o fascínio da beleza institucional mas antes a questiona e combate, por constituir ainda o alimento das ideias pré-fabricadas da mulher objeto, em que elas já não se reveem.
É nesta altura que se impõe o combate pela sátira, pelo desafio, pelo confronto de pessoas cujo corpo não corresponde ao standard instituído, poderem igualmente ser avaliadas pelos seus dotes intrínsecos e pelo direito que têm em habitar este mundo. Rosie (Jennifer Anniston), mãe de Dickson e antiga “rainha de beleza” é assim confrontada pela própria filha, primeiro de forma inconsequente, e depois como forma de lhe dizer que apesar de tudo sente a sua falta e lhe dedica o seu amor.
Já vi Jennifer Anniston em melhores interpretações e neste filme apenas cumpre “calendário” talvez por estar fora do ambiente que mais lhe agrada, todavia é suficiente. No geral o ambiente é de festa, o filme é divertido, embora pronunciando verdades amargas e gerido com segurança. A presença de “drag queens” como professoras das “marginais” candidatas ao concurso de beleza só vem animar a festa com o seu esoterismo, plumas e maneirismos que conferem muito boa disposição a toda a cena. Muito curioso, a ver.

Classificação: 6,5 numa escala de 10

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