19 de março de 2019

Opinião – “KURSK” de Thomas Vinterberg


Sinopse

KURSK é inspirado na história verídica de K-141 Kursk, o submarino nuclear russo que se afundou no Mar de Barents em agosto de 2000.
À medida que 23 marinheiros lutam pela sobrevivência dentro da embarcação, as suas famílias desesperadas combatem obstáculos burocráticos e probabilidades assustadoras para conseguirem encontrar respostas e salvar os entes queridos.
Realizado pelo visionário dinamarquês Thomas Vinterberg (A Caça, Longe da Multidão), KURSK é uma história arrebatadora e emocionante que conta com Colin Firth, Léa Seydoux, Matthias Schoenaerts e o lendário Max von Sydow no seu elenco.

Opinião por Artur Neves

Nesta história confirma-se o que já se sabia, as pessoas, os cidadãos de um determinado estado valem menos do que os “segredos de tecnologia ultrassecreta” (pseudo segredos, porque como o filme mostra, a tecnologia que quiseram proteger já estava obsoleta) não se coibindo de sacrificar alguns dos seus servidores militares em benefício de um avanço tecnológico inexistente.
Por outro lado esta história também mostra o poder da burocracia, o poder das regras instituídas cegamente por preconceito da política do ultrasecretismo militar em face de uma realidade que se impõe mas que a regra não contempla, por mero autismo das instituições e dos seus mais altos representantes. É a vida que todos conhecemos deste mundo que habitamos.
No filme a história desenrola-se lentamente, tal como a agonia dos tripulantes após o acidente que deu origem á explosão acidental do primeiro torpedo, não obstante os sinais de mau funcionamento serem visíveis e de terem sido cumpridos todos os procedimentos estabelecidos. Era apenas um exercício com um submarino nuclear que era o orgulho da tecnologia Russa, cuja explosão mata mais de metade da tripulação instantaneamente, restando apenas 23 sobreviventes que se reúnam num compartimento parcialmente deteriorado mas com potencialidade de os abrigar da água gelada que entra pelas frestas, da escassez de oxigénio e das baixas temperaturas até á chegada dos meios de resgate.
Em terra, as famílias dos marinheiros procuram informações e respostas às perguntas da sua aflição, mas confrontam-se com autoridades formais, relutantes em perder a face perante o povo, escondendo e mentindo sobre a real situação que enfrentam, na insuficiência e inadequação de meios para realizarem o resgate. Do conjunto de todo aquele desespero de mães e esposas ansiosas por notícias, ressalta uma mãe aflita que foi calada através de um sedativo injetado no calor da discussão por um dos agentes que a seguravam. Todavia em nenhum momento é citado o presidente Vladimir Putin, embora este caso tenha constituído o primeiro desafio da sua recente presidência.
A filmagem apresenta traços de inteligência, sublinhando o que é importante, como a vida a bordo no submarino sinistrado em versão widescreen (ecrã inteiro) e um tamanho menor em todas as cenas fora da ação. Por outro lado, a música de Alexandre Desplat acentua as sequencias mais dramáticas com uma melodia melancólica que nos ajuda a envolver-nos no drama que estamos a assistir. Thomas Vinterberg tem aqui um bom desempenho de realização preferindo atores e atrizes europeias em vez de Russos, o que aponta o filme para o clássico drama de guerra de Hollywood, comovente e interessante. Recomendo.

Classificação: 7 numa escala de 10

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