6 de dezembro de 2018

Opinião – “Sei que Estás Aqui” de Scott Speer


Sinopse

Uma jovem desperta após nove anos em coma.
Durante este período, um evento apocalíptico matou milhões de pessoas e deixou o mundo habitado por pouquíssimas pessoas – um cenário de horror e escuridão.

Opinião por Artur Neves

E se, por causa de um evento desconhecido, resultante de uma falha num ensaio científico que matou um milhão de pessoas, esses mortos convivessem “alegremente” com os vivos, nas cidades, nas ruas, nas suas casas, embora sem qualquer interacção entre mortos e vivos mas apenas como uma visão etérea que se desfaz em fumo como resultado de qualquer eventual contacto.
Difícil de conceber não é?... pois é o que nos mostra esta história, com um cheirinho a “Crepúsculo”, baseada no romance de Daniel Waters que já deu origem a uma série televisiva nos USA; “Generation Dead” que em resumo, substitui zombies por vampiros e constrói romances entre adolescentes numa saga semelhante ao “Crepúsculo” que passou entre nós e que tão bons resultados de bilheteira alcançou.
Temos portanto aqui um thriller fantasia que conjuga um perfil gótico suave de cara bonita do personagem principal, Verónica Calder (Bella Thorne) com um adolescente meio desleixado, Kirk Lane (Richard Harmon) mas atento aos sinais que aquele estranho mundo emana, que o fazem inferir um perigo de morte latente contra Verónica, por estar sendo perseguida por um serial killer, vivo ou morto, representando um sério perigo que Kirk se ocupa em investigar para a proteger.
As cenas são apresentadas como sendo assuntos para adolescentes, até mesmo o professor Bittner (Dermot Mulroney) num misto de anjo demónio, como mais tarde se vem a revelar, tem diálogos descomprometidos, embora vagamente insinuantes com Verónica, mas sempre tudo em modo suave, sem medos nem surpresas e com ninfas flutuando num éter aquático como que de sereias se tratassem, provocando associações com ambientes de outras histórias também dedicadas á juventude. Tudo é calculadamente desenvolvido para embalar, para envolver espectador e personagens numa toada de fantasia um pouco desajustada ao ambiente de thriller tradicional.
Nenhum destes comportamentos conduzem á aceitação do argumento como algo verosímil ainda que remotamente. Em livro e para leitores que se deixem embalar por explicações pormenorizadas que lhes construam imagens mentais de sonho e fantasia, misturadas com alguma ação de crime e castigo, ainda é possível que funcione mas o cinema tem outra linguagem e pretende-se mais objetivo ainda que essa objetividade seja simulada e apenas válida para o ambiente criado.
Neste filme, tudo se perde e nada se transforma, constitui uma história falhada que nunca se define concretamente ao que vem. A classificação indicada a seguir vai para o que se pretende mostrar, para os meios envolvidos e para a dignidade da representação. Presumo que pretenda cativar uma população mais jovem mas mesmo nesse meio não sei se terá tido sucesso.

Classificação: 5 numa escala de 10

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