14 de novembro de 2018

Opinião – “High Life” de Claire Denis


Sinopse

Nos confins do espaço, muito além do nosso sistema solar, Monte (Robert Pattinson) e Willow, a sua filha pequena, vivem juntos a bordo de uma nave espacial, em isolamento total.
Monte, um homem solitário cuja severa autodisciplina é uma proteção contra o desejo – o seu e o de outros – tornou-se pai contra a sua vontade. O seu esperma foi usado para inseminar Boyse (Mia Goth), uma jovem que deu à luz Willow. Ambos eram membros de uma tripulação de prisioneiros: encarcerados espaciais, condenados à pena de morte. Usados como cobaias pela perversa Dra. Dibs (Juliette Binoche) são enviados numa missão ao buraco negro mais próximo da Terra.
Agora, somente Monte e Willow permanecem. Mas Monte não é o mesmo. Através da filha, e pela primeira vez, experimenta o nascimento de um amor avassalador. Pela sua parte, Willow cresce, tornando-se numa menina e depois numa jovem mulher. Juntos e sozinhos, pai e filha aproximam-se do seu destino final – o buraco negro onde o tempo e o espaço deixam de existir.

Opinião por Artur Neves

Tive uma surpresa ao constatar a novidade de um filme de ficção científica realizado por Claire Denis e de facto, após o visionamento, confirmaram-se as minhas piores suspeitas. Isto não corresponde a que não goste dos seus trabalhos, não de forma alguma, “O Meu belo Sol Interior” de 2017, já apreciado neste blogue, ou “35 Shots de Rum” de 2008, ou ainda “Beau Travail” de 1999 nunca apresentado em Portugal, atestam a sua qualidade como autora e merecem toda a minha admiração pelo seu trabalho.
A história que este “High Life” nos conta, tanto poderia ser passada numa ilha deserta, como numa cidade e o facto de ser reportado no espaço, a caminho de um buraco negro, não tem qualquer relevância para a experiência que declaradamente se pretendia realizar, sobre procriação humana com pessoas desqualificadas socialmente, condenadas à prisão por crimes anteriores que são usadas como cobaias por uma médica assassina dos filhos e do marido e auto mutilada, (os diálogos do filme reportam que a Dra. Dibs tem uma vagina de silicone) por razões que nunca saberemos. Por outro lado, a sua farta cabeleira de Rapunzel e a sua exuberante carnalidade, são características de um personagem interpretado por uma grande atriz.
Deste conjunto distópico resulta uma criança, filha de Monte, a quem a Dra, Dibs roubara esperma, literalmente, e fecunda uma das passageiras da nave para realizar a experiência de procriação no espaço exterior, cujos resultados são os esperados (como é óbvio) mas em que não existe qualquer coleta de dados para inferência de resultados e estabelecimento de conclusões, porque no final, com todos os tripulantes mortos e com a rota traçada para o buraco negro um fim inevitável de morte inglória, espera-os!...
Pergunto-me qual a razão deste exercício!... para ser um trabalho de ficção científica, não basta vestir aos atores um fato espacial do tipo, à prova de fogo, inclui-los numa nave com a forma de uma caixa de fósforos e mandá-los para um buraco negro enquanto durante a viagem eles fazem umas macacadas pseudo científico dramáticas, ou seja lá como lhes queiram chamar. Uma absoluta perda de tempo, todavia, é sempre um prazer ver Juliette Binoche atuar e para ela vai toda a classificação a seguir indicada.

Classificação: 4 numa escala de 10

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