2 de fevereiro de 2016

Opinião - "Nunca Me Deixes" de Kazuo Ishiguro


Sinopse:
Kazuo Ishiguro foi elogiado no Sunday Times por «ampliar as possibilidades da ficção». Em "Nunca Me Deixes", que se encontra certamente entre as suas melhores obras, conta-nos uma extraordinária história de amor, perda e verdades escondidas.
Kathy, Ruth e Tommy cresceram em Hailsham – um colégio interno idílico situado algures na província inglesa. Foram educados com esmero, cuidadosamente protegidos do mundo exterior e levados a crer que eram especiais. Mas o que os espera para além dos muros de Hailsham? Qual é, de facto, a sua razão de ser?
Só vários anos mais tarde, Kathy, agora uma jovem mulher de 31 anos, se permite ceder aos apelos da memória. O que se segue é a perturbadora história de como Kathy, Ruth e Tommy enfrentam aos poucos a verdade sobre uma infância aparentemente feliz — e sobre o futuro que lhes está destinado.
Nunca Me Deixes é um romance profundamente comovedor, atravessado por uma percepção singular da fragilidade da vida humana.


Opinião por Júlia Pereira:
Kathy, Ruth e Tommy são alunos do colégio Hailsham e crescem completamente isolados do mundo, sem nenhum contacto com a realidade e sem conhecerem o direito ao livre arbítrio. Depressa percebemos que são diferentes de todas as outras pessoas. São criados com uma finalidade: doar órgãos. Percebem, desde cedo, que são o resultado de um projeto mas nenhum deles se revolta. Nenhum deles tenta modificar o seu destino. Não. A resistência deles é feita de uma outra forma. Consciente de que os seus corpos não aguentam mais do que três doações, a morte torna-se uma constante nas suas vidas. Kathy, Ruth e Tommy conformam-se com os seus destinos e tentam retirar o que de bom ainda têm na vida. E nenhum deles espera coisas extraordinárias; apenas querem ser pessoas normais; apenas querem ser tratados como Seres Humanos. É essa a grande questão colocada pelo autor: Será que os alunos projetados em Hailsham, que são clones, têm alma? Será que é a alma que nos faz a todos seres humanos? O autor cria situações, ao longo do livro, em que o leitor se identifica com esta ou aquela personagem para depois nos dar um murro no estômago ao suscitar a pergunta:” Serão eles sequer humanos?”
Kazuo Ishiguro escreve com mestria e cria um universo ficcional quase distópico.

"Nunca me deixes" é uma história melancólica e triste, muito triste mas é apesar de tudo um livro magistral.

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