14 de março de 2022

Opinião – “X” de Ti West

Sinopse

X é o novo filme de terror do diretor Ti West. Na década de 1970, um grupo de filmmakers alugam uma antiga casa de fazenda no interior de uma cidade no Texas para gravar um filme pornográfico. Mas quando os dois idosos, anfitriões e reclusos da antiga casa os pegam em flagrante, o elenco logo se vê em uma luta desesperada por suas vidas.

Opinião por Artur Neves

Os filmes de terror pertencem a um subgrupo dos filmes de suspense frequentemente baseados em crenças, fantasmas, ou de algum modo, convicções do além que redundam sempre numa encarnação maléfica com poderes condicionados por qualquer processo acessível aos mortais que por eles são perseguidos. Neste caso não é bem assim e todo o terror, constituído por assassínio, é cometido pelos personagens que compõem o filme que entram em confronto por desacordo entre as convicções dos idosos donos da casa e as convicções da equipa de filmagem que alugou o espaço para realizar um filme pornográfico.

O referido desacordo só existiu, porque um dos produtores não declarou ao dono da casa os fins do aluguer da casa nem o número de ocupantes envolvidos, tentado com isso obter um menor valor de renda pelo tempo de ocupação. A casa alugada é separada da casa principal habitada pelo casal de idosos que a chegada da equipa causa um perturbação e desconfiança nas relações com tais pessoas. Ele recebe os hóspedes de carabina na mão, e ela espreitando por uma janela do 1º piso sente atração pelo fator “X” caraterístico de uma das personagens que compõem a equipa, que é a primeira a vê-la espreitar entre as cortinas numa atitude que lhe causa um arrepio de medo.

Eles são todos jovens, são constituídos por três casais, dos quais duas mulheres e um homem são os personagens do filme, o outro homem é um dos produtores e o chefe de equipa e o outro casal são o operador da câmara e a mulher que trata da captação do som que tem com o marido uma relação fixa, muito diferente da relação aberta entre os outros dois casais. Do lado do dono da casa, a mulher do casal que outrora também foi atriz, sente saudade e inveja da juventude que com ela coabita, fazendo-a lembrar-se dos tempos em que era preferida e amada pelo marido e cobiçada por outros homens que lhe reconheciam o fator diferenciador “X” que ela identifica numa delas.

O que se segue é o avolumar-se de questões baseadas no argumento do filme que levantam algumas questões curiosas, que de modo algum sem serem novas, nem o filme estar dedicado a analisá-las, levam às mortes de todos os elementos, que se movem sem compreender as diferenças fundamentais entre uns e outros. Ti West, um realizador independente nascido em 1980 nos USA, é o diretor e argumentista desta história que se pode descrever como uma mistura entre “Massacre no Texas” de 1974 e “Jogos de Prazer” de 1997, e que apesar de contar com várias realizações neste género à maneira clássica, resolveu reformular o tema e apontar o sofrimento e inadaptação de cada pessoas como responsável por tantas e tão violentas mortes que se vão sucedendo sem razão específica exceto a conceção de diferença individual quando não podemos concretizar os nossos desejos por incapacidade física.

Tem estreia prevista em sala dia 17 de Março

Classificação: 4 numa escala de 10

 

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