30 de setembro de 2021

Opinião – “Ladrões de Elite” de Renny Harlin

Sinopse

Richard Pace (Pierce Brosnan) é um ladrão que apenas rouba quem tem seguro, para não lesar ninguém. Apesar disso, a vida não lhe corre bem: a mulher deixou-o, a filha guarda-lhe rancor e, pior de tudo, tem tendência para ser apanhado. Mas Pace está também habituado a fugir da prisão, sobretudo de prisões privatizadas geridas por um homem chamado Schultz (Tim Roth) que, por isso mesmo, o quer matar.

Com todas estas fugas Pace chamou a atenção de um grupo de Robin Hoods dos tempos modernos, os Ladrões de Elite, que lhe propõem um plano demasiado bom para ser verdade: Não só evita que seja preso pelo FBI, como impede que Schultz financie várias organizações terroristas e o mate e à sua família. Uma proposta irrecusável, não fosse um pequeno pormenor: é um plano aparentemente impossível de concretizar.

Opinião por Artur Neves

Não há na filmografia de Renny Harlin nenhum título que possa ser indicado como referência para o seu trabalho ao longo dos mais de 40 anos de atividade no cinema e na televisão, considerando que todos apontam para obras comerciais, de muito fácil digestão e rápido esquecimento, na mira de um público pouco preocupado com o conteúdo e menos ainda com a forma como lhe são apresentadas as obras que saem do seu escopo.

Como tal, este “Ladrões de Elite” só pode configurar baixas expectativas, muito embora com um cabeça de cartaz, Pierce Brosnan, e um secundário de luxo, Tim Roth, de quem já apreciámos muito boas interpretações. Aliás, neste filme eles são iguais a si próprios nos papéis que lhes tocam, o problema é a história chocha, os diálogos pobres e toda aquela fantasia de ação e aventura que nos quer convencer e justificar um altruísmo bacoco à custa de um roubo pelas melhores razões em vez de alimentar as redes de terrorismo do médio oriente.

Pace é o tipo de ladrão de casaca com pergaminhos no seu trabalho, que não gosta de lesar os roubados, nem de ceder a outros o produto do seu furto, todavia, ao ser engajado no grupo dos “Ladrões de Elite” tem de alterar esse seu modo de atuação, para se conformar com os propósitos altruísticos da missão e para satisfazer a vontade da sua filha Hope (Hermione Corfield) que trabalha numa ONG de apoio aos refugiados Sírios, tendo ela mesmo contratado os serviços dos “Ladrões de Elite” para assaltarem a prisão de alta segurança em Abu Dhabi administrada com fins lucrativos por Schultz. Como Pace é especialista em fugas de prisão, ninguém melhor do que ele constitui a pessoa indicada para levar a bom termo a missão a que se propões.

Claro que a história é o que é, nem melhor nem pior do que outras que servem de base para filmes de aventuras. O que está aqui em causa é a forma plastificada como as coisas se processam, os planos vagos que se congeminam, a ação que se desenvolve com pouca emoção ou realismo, salvando-se apenas a introdução de algumas buchas engraçadas aqui e ali mas que não justificam o conjunto da história.

Tanto Brosnan como Roth, mas principalmente o primeiro, importam-se com o comportamento da sua presença em cena. Brosnan até tem pergaminhos de estrela internacional quando ele assumiu o personagem de James Bond em dois filmes da saga ou um ladrão elegante em “O Caso Thomas Crown” de 1999, mas com um argumento destes, trabalhado desta forma, é difícil manter o estatuto.

Estreia nas salas em 7 de Outubro

Classificação: 4 numa escala de 10

 

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