23 de junho de 2021

Opinião – “The Ice Road – Missão de Risco” de Jonathan Hensleigh

Sinopse

Após o desabamento de uma remota mina de diamantes no extremo norte do Canadá, um camionista (Liam Neeson), especialista em conduzir nas perigosas estradas de gelo tem 36 horas para liderar uma missão de resgate quase impossível, para salvar os mineiros presos. Ao enfrentar as finas estradas de gelo que ameaçam quebrar a qualquer instante e uma enorme tempestade, a equipa - onde se encontra o seu irmão Gurty (Marcus Thomas), um mecânico talentoso que sofre de afasia devido a lesões de guerra - descobre que a verdadeira ameaça é algo com que nunca contaram.

Opinião por Artur Neves

Liam Neeson, numa versão de herói geriátrico, já nos habitou que apesar da idade imprópria para nos convencer da sua capacidade física para entrar em aventuras violentas, quem se mete com ele leva com certeza e a história acaba bem, certinha, com os maus a serem castigados e o bem e a justiça a prevalecer… mas, e há sempre um mas… desta vez a história passa-se nas frias paisagens geladas no norte do Canadá, a cerca de 600 kms do Círculo Polar Ártico, onde já se pode apreciar as auroras boreais e esse ambiente torna tudo diferente, porque embora a moral de base seja comum e estafada, as premissas do enredo são diferentes, o que implica que os recursos que têm de ser usados para as ultrapassar sejam também diferentes e esse facto traz uma roupagem nova e por vezes surpreendente à história. Por outro lado, devido a passar-se num ambiente generalizadamente desconhecido para a grande maioria dos espectadores, resulta como fazer uma viagem entre dois lugares conhecidos utilizando uma alternativa por um caminho desconhecido.

Devido ao acidente na mina um grupo de mineiros canadianos fica preso no colapso duma galeria que lhes veda o contacto como exterior, confinando-os a um espaço fechado e privando-os de ar respirável. A solução para a salvação dos trabalhadores passa por esgotar o metano do interior que se vai acumulando devido a ter-se perfurado o permafrost. Para conseguir isso é necessário transportar uma carga de 120 toneladas desde Manitoba no Canadá até à mina, através de um comboio de três camiões pesados Kenworth rolando sobre um mar gelado, já fora da data em que a travessia é segura, porque se aproxima a primavera e com ela o degelo.

Assim, a viagem através da “Ice Road” já fechada ao trânsito, por possuir uma camada de gelo só com oitenta centímetros de espessura e no início do degelo é uma missão de resgate de risco acrescido tentada por Goldenrod (Laurence Fishburne), o chefe de segurança da missão, Mike (Liam Neeson) acompanhado do seu irmão Gurty (Marcus Thomas), que sofre de stress pós traumático mas é um mecânico de eleição, Tantoo (Amber Midthunder), uma jovem nativa americana que faz a viagem para salvar o seu irmão que está na lista dos desaparecidos e um responsável da companhia de seguros que valida a aventura, Varnay (Benjamin Walker) que se vem a revelar possuir uma agenda própria com objetivos sinistros.

Jonathan Hensleigh realizador e autor do argumento apresenta-nos assim um thriller de ação nas lindas paisagens do Canadá cobertas de neve em que o comboio encontra tempestades, uma ponte à beira do colapso e várias cenas de quebra de gelo e resgate das águas geladas que corporizam um ambiente que é relativamente estranho nas nossas latitudes e como tal despertam curiosidade e interesse pela história.

Os camiões sofrem vários percalços na viagem onde têm de recorrer a guinchos e roldanas em impressionantes efeitos especiais de salvamento e reboque, mas ainda assim aceitavelmente plausíveis, considerando as liberalidades a que os autores de “Velocidade Furiosa 9”, anteriormente analisado, se arrogam no direito de usar. Aqui, as cenas de ação de um camião pesado a rolar na “Ice Road” enquanto o gelo estala à sua volta e se enterra no buraco aberto é tão espetacular como as mirabolantes cambalhotas como os carros mais velozes e podemos aprecia-los com mais pormenor e constatar que embora já perto dos 70 anos, Liam Neeson saiba ainda defender-se de cenas mais arrojadas que anteriormente interpretava e conduza o seu pesado camião sobre a fina superfície de gelo a rachar sob os seus pneus. Muito interessante, diferente em meios e ambiente, vale a pena ver.

Nos cinemas a partir de 01 de Julho

Classificação: 7 numa escala de 10 

 

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