26 de maio de 2021

Opinião – “Vingança Letal” de George Gallo

Sinopse

Neste thriller dinâmico de ação, Damon Hickey (Morgan Freeman) um comissário de polícia reformado, com uma longa carreira de corrupção, chantageia a sua cuidadora e antiga correio de droga Victoria (Ruby Rose), raptando a sua filha e forçando-o a fazer cinco perigosas recolhas de dinheiro do submundo numa noite. Arrasada pela traição do único homem em quem alguma vez confiou, Victoria luta contra traficantes e bandidos do submundo numa missão para a salvar filha. À medida que a noite avança, Victoria é confrontada pelo seu passado e por pessoas de quem Damon a tem protegido, que a querem ver morta. Levada ao limite, Victoria encontra uma esperança de redenção no plano de Damon.

Opinião por Artur Neves

Como é que o argumentista de “Fuga à Meia-noite” de 1988 escreve e realiza um filme tão desconchavado como este que me sugere somente perguntar; porquê?... e para quê?...

A história, que toma como referência de ação o filme “John Wick”, (mais um) junta Damon preso a uma cadeira de rodas num acidente fatal com o tráfico de drogas a que se dedicava obrigando a sua cuidadora Victoria e anterior traficante mais eficiente, atualmente em fase maternal cuidando da sua pequena filha, que se desloque a cinco lugares diferentes para lhe trazer igual número de sacos de dinheiro que estavam em dívida.

Para conseguir isso, Damon sequestra sua pequena filha e ameaça-a a cumprir o seu desejo sob pena de não mais ver a filha se falhar no objetivo. Damon vive numa mansão ao estilo de Miami Vice moderno e desloca-se numa cadeira de rodas motorizada avant gard, com um tablet que permite visualizar todas as imagens captadas pela câmara corporal implantada na “roupa de trabalho” de Victoria, com que ele a controla quer ela esteja parada a confrontar os traficantes, quer esteja “voando” a alta velocidade na sua mota a caminho de mais um local ou sendo perseguida por um automóvel que ela finta como pode optando por ruas estreitas e desertas numa Washington, DC não identificável. Que provedor de internet teria um equipamento e um conjunto de antenas tão perfeito e eficaz, capaz de transmitir imagens nítidas, quase sem cortes nem defeitos de configuração nos lugares mais inusitados e em alta velocidade. Por favor Sr. George Gallo, até para mentir com êxito é preciso qualidade.

Embora algo contrafeita Vitoria (Ruby Rose), uma jovem em busca da glória, já vista este ano em “O Porteiro” com Jean Reno e anteriormente em John Wick 2, com o seu ar andrógeno que faz lembrar Angelina Jolie nos seus primeiros tempos, veste o fato de motard e segue à desfilada neste filme série B, sem qualquer garantia de atingir o estrelato com estas histórias de cordel apenas estruturadas para mostrar ação, tiros, muitos mortos atingidos sem vacilar e saídas de heroína, deixando atrás de si um rasto de destruição do qual ela sai ilesa.

Não sabemos nada de Damon, nem de Vitoria, para lá de ter tido um irmão que é mencionado uma vez como seu parceiro no crime e da filha pequena sequestrada que vemos cuidadosamente a dormir num quarto da casa de Damon. A imagem do filme também aparece estranha com visuais coloridos a uma só cor como a casa de Damon que aparece em azul e a casa de um dos traficantes, toda em violeta, assim como várias tomadas de vista monocromáticas da cidade sem qualquer ligação coerente com a trama que nos quer mostrar.

Decididamente isto não é cinema, mostrar acrobacias em estrada e em salas de casas contra traficantes e pistoleiros mais ou menos façanhudos, em que a certa altura um deles reporta; “Ouvi dizer que você já matou mais pessoas do que Quentin Tarantino” como se a evocação de um realizador inteligente que sabe fazer e defender os filmes de ação contribuísse positivamente para branquear “Vingança Letal”, não se pode chamar cinema.

As performances são rígidas com ausência de consequências em cenas de ação monótonas e despidas de sentido. No final, quando os cinco sacos de dinheiros estão reunidos na casa de Damon, este aciona um detonador e explode toda a casa, morrendo dentro dela… Para quê?... porquê?...

Estreia nas salas a 3 de Junho

Classificação: 3 numa escala de 10

 

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