20 de fevereiro de 2020

Opinião – “Fátima – O Poder da Fé” de Marco Pontecorvo


Sinopse

FÁTIMA, um filme que relata o poder da fé...
Em 1917,Lúcia, uma pastora de apenas 10 anos, e os seus dois primos mais novos, Jacinta e Francisco, têm visões de Virgem Maria, que lhes surge com uma mensagem de paz. As suas revelações inspiraram dezenas de milhares de fiéis que se deslocaram até Fátima, na esperança de testemunhar um milagre, mas não agradaram a Igreja e o Governo de Portugal, que tentaram forçá-los a recontar a sua história.
O que se viveu em Fátima mudou para sempre as suas vidas...

Opinião por Artur Neves

Pode parecer estranho mas o realizador Italiano Marco Pontecorvo apresenta-nos este filme que relata os acontecimentos da aparição de Maria, aos jovens pastores; Lúcia (Stephanie Gil) Jacinta (Alejandra Howard) e Francisco (Jorge Lamelas), vividos na Cova da Iria em Março/Abril de 1917, durante o período da 1ª guerra mundial em que Portugal foi representado como uma país pobre, com um povo generalizadamente inculto e a braços com uma crise de fome real.
Como teve na sua origem a intenção de distribuição internacional o filme é falado em inglês e legendado em português como convém. Segundo o anúncio nas primeiras imagens o filme é baseado nas revelações da irmã Lúcia que serviram de base para a história escrita por Barbara Nicolosi.
O argumento é portanto conhecido pela maioria dos portugueses, as aparições de Maria (Joana Ribeiro) aos três pastores que são reveladas às famílias e por estas ao povo da aldeia e do país (curiosamente, na altura, sem Internet nem meios de comunicação “decentes” mas mesmo assim isso não impediu que a mensagem fosse amplamente divulgada) justificando a peregrinação de uma multidão que se reuniu para assistir às aparições anunciadas por Maria com hora e data marcadas.
O filme começa pela entrevista do Professor Nichols (Harvey Keitel) à irmã Lúcia (Sónia Braga) já adulta e em clausura, cujo diálogo é suficientemente assético para poder dizer-se que o filme não é beato. Limita-se à representação dos factos, à intervenção do “Father” Ferreira (Joaquim de Almeida) o padre da aldeia que num primeiro tempo tenta que Lúcia se cale e confesse que estava a mentir, bem como, Artur (Goran Visnjic) o mayor da aldeia que chega a mandar fechar a igreja, seguindo ordens superiores de Lisboa, mas deixa ao espectador o livre arbítrio de assumir que se está em presença de um ato divino só acessível pela fé, de negar frontalmente o que lhe estão a apresentar se for ateu, ou pura e simplesmente observar com o distanciamento do agnóstico, que espera uma prova racional e objetiva para os acontecimentos em presença.
É pois um filme de apresentação factual, segundo a descrição da irmã Lúcia, que analfabeta como era na juventude não terá tido muita capacidade para os avaliar e descrever. Mostra também o efeito do “sol a dançar” e de seguida alguém refere que o mesmo já terá sido apreciado noutros locais, portanto milagres só para quem os quiser aceitar como tal e isso será da sua inteira responsabilidade, o que eu reputo de muito positivo pois é um elemento que poderia conduzir à transcendência fácil.
O filme foi rodado nas cenas de aldeia, na Tapada de Mafra e as aparições, nos terrenos circundantes do Santuário de Fátima, os cenários são convincentes, assim como o guarda roupa adequado à época, mas decorrente do seu conteúdo já bem conhecido pela generalidade das pessoas a história perde-se em surpresa, emoção e desfecho, por serem demasiado esperados. É um déjà vu completo, sem gerar polémica.

Classificação: 5 numa escala de 10

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