27 de novembro de 2019

Opinião – “Os Aeronautas” de Tom Harper, Jack Thorne


Sinopse

Londres, 1862.
James Glaisher (Eddie Redmayne), um jovem cientista que deseja desesperadamente ser levado a sério, junta-se a Amelia Wren (Felicity Jones), piloto de balão de ar quente, para uma viagem única. O voo deles cumprirá o duplo objetivo de quebrar o recorde de altitude e de ajudar James a reunir dados que permitam comprovar as suas controversas teorias sobre a previsão do tempo. Mas à medida que a dupla for subindo até alturas onde nenhum Homem chegou antes, o ar fica mais rarefeito e mais frio, impondo-se decisões difíceis, das quais dependerá a continuidade da viagem e a sobrevivência dos dois aventureiros.

Opinião por Artur Neves

Esta história está para lá do primeiro voo tripulado em balão de ar quente realizado em 15 de Outubro de 1783, por Pilatre de Rozier em França, com o balão preso à terra e tendo atingido a altura de 24 metros. Neste voo realizado em Londres em 1862, já teriam sido descobertos gases mais leves do que o ar que permitiam a ascensão do balão pela diferença de massa volúmica entre o gás utilizado e o ar, com o propósito de estudar a evolução do ar húmido na atmosfera para fins de previsão do tempo.
O que eles desconheciam era o efeito da mudança de estado da humidade contida no ar com a altitude, sendo portanto confrontados com fenómenos físicos de mudanças de estado da água aos 37 000 pés (cerca de 11 100 metros, que constituiu record absoluto naquela época) o que provoca o seu congelamento, bem como a rarefação do oxigénio à medida que subiam na atmosfera, que lhes provocaram problemas respiratórios e de perda de consciência, impeditivos de prosseguirem os seus trabalhos tal como inicialmente planeados.
Adicionalmente a história apresenta-nos em flashback diversos episódios da vida de James Glaisher e de Amelia Wren, nomeadamente desta ultima, em que nos conta ter sido o marido que a influenciou para a profissão de piloto de balão e de se ter suicidado num voo para aliviar a carga do cesto, em que o balão teria entrado em perda,  salvando-lhe a vida.
Embora mostrando alguma ação acrobática dos ocupantes da barquinha, decorrente da necessidade de diferentes manobras de condução do balão em ascensão e do efeito da congelação da válvula de escape do gás, o motivo que anima este filme não apresenta elementos suficientemente motivadores da nossa atenção, considerando que a ascensão do balão é o caminho inevitável de um objeto com poucos meios de controlo, a interação entre ambos os tripulantes é formal, distante e de cariz meramente profissional e o espaço exíguo onde se movem para pouco mais dá do que a mostra da sua estacionária presença.
Em termos práticos o filme divide-se em duas partes, sendo a primeira, mais longa, a fase do “sobe, sobe balão sobe” e a segunda, mais curta, a fase do “desce, desce balão desce” porque como é sabido; para baixo todos os santos ajudam.
É pouco, poucochinho mesmo, para 100 minutos de filme em que dois atores já com créditos firmados noutras realizações, servem um propósito pobre de conteúdo.

Classificação: 4 numa escala de 10

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