8 de agosto de 2019

Opinião – “Histórias Assustadoras para contar no Escuro” de André Øvredal


Sinopse

Estamos em 1968 nos Estados Unidos e sopram ventos de mudança.
Aparentemente muito distante da agitação das grandes cidades fica a vila de Mill Valley, onde paira há muitas gerações a sombra da família Bellows.
Foi na mansão da família que Sarah, uma jovem com segredos terríveis, transformou a sua torturada vida numa série de histórias assustadoras escritas num livro que sobreviveu à passagem do tempo, histórias que se tornam demasiado reais para um grupo de adolescentes que descobre a aterradora casa de Sarah.
Um filme com argumento e produção de Guillermo del Toro, vencedor de 2 Óscares com o filme “A Forma da Água”.

Opinião por Artur Neves

O que me apetece dizer é que “histórias assustadoras são para contar às claras”, no escuro contam-se fantasias umas mais bem contadas que outras e estas não fogem à regra das histórias de terror do passado que lançam no presente os seus sustos bafientos.
Um filme com argumento e produção de Guillermo del Toro inspira-me muito pouco, considerando até o facto dos dois óscares atribuídos a “A Forma da Água” terem um gosto duvidoso e uma justificação equivalente, se atendermos à estranha metáfora fantástica de amor que a história pretende transmitir. O que neste filme inspirava amor e pertença representa agora medo e morte anunciada.
Encontramos sim os mitos correntes dos filmes de terror da indústria cinematográfica americana, O milheiral como objecto de suspeita, de esconderijo do medo indefinido, o espantalho que ganha vida para se vingar em nós pela sua imobilidade plasmática no tempo e no espaço, a mansão abandonada em ruínas que serviu de prisão e cárcere ao espírito que agora persegue os heróis improváveis e como cereja em cima do bolo, o monstro “trolliano” que surge da terra e se forma a partir das partes em que foi desmembrado e persegue os heróis que o animaram, bem como, o livro das histórias que se escrevem por si próprias descrevendo a sangue vivo o destino próximo dos nossos heróis, que á vez, irão soçobrar em nome da curiosidade que os animou.
Como tal, histórias para contar não há muitas, apenas uma, escrita durante o cativeiro de Sarah que agora se replica adequando-se ao percurso de cada um dos responsáveis pela sua animação, contado tudo muito às claras, muito direto com cada interveniente que sente visivelmente a morte aproximar-se e morre mesmo.
Não existe suspense, mistério, e a fantasia não excede a que os efeitos especiais podem conceber. Em nenhum momento nos sentimos no lugar de qualquer perseguido e desde o início que se descobre a sequência de mortes a que vamos assistir. Não existe dúvida sobre o desconhecido porque simplesmente é tudo contado às claras, embora com mais ou menos sombras, pretende-se assustar pela forma e não pelo conteúdo que justifica a animação do mal.
André Øvredal aparece assim como o realizador de serviço para uma história pobre, patrocinada por um mecenas que não encontra melhor assunto para gastar dinheiro. Deste realizador também não há outras referências de interesse no género.

Classificação: 4 numa escala de 10

1 comentário:

Marisa Luna disse...

Olá olá!!
Concordo em absoluto com a tua opinião. Foi como se falasses por mim.
Grata!

Um abraço