18 de agosto de 2019

Opinião – “Bookmart: Inteligentes e Rebeldes” de Olivia Wilde


Sinopse

Amy (Kaitlyn Dever) e Molly (Beanie Feldstein), melhores amigas e marronas, achavam que se se dedicassem totalmente aos estudos teriam vantagem sobre os seus colegas mais baldas e brincalhões. Mas na véspera do último dia de aulas, elas acordam para a realidade e percebem que passaram ao lado de toda a diversão e ficaram a perder. Determinadas a compensarem o tempo perdido, decidem encaixar quatro anos de diversão numa única noite épica de mau comportamento – uma aventura caótica para a qual nenhum dos estudos a preparou.

Opinião por Artur Neves

Esta é uma história de adolescência americana, embora com aproximação ao que acontece pelo mundo ocidental, todavia nós não temos esta tradição de fim de formação do ensino médio, sendo mais comum estas festas e estas celebrações na “queima das fitas” como conclusão da obtenção de um grau académico.
Não obstante representa um marco na vida de todos os jovens, recheado de dúvidas e incertezas sobre a melhor forma de entrar na vida adulta, actualmente agravado com tantos desafios e imprevistos que se lhes apresentam. Nesta história porém, tudo isso é esbatido e o que o filme nos mostra é uma competição entre duas amigas marronas que hipotecaram a sua juventude, contra todos os outros colegas que com menos sacrifício atingiram os mesmo objectivos que elas.
É assim uma história de frustração e de desforra para tentar compensar numa única noite todos os sacrifícios anteriormente feitos e que agora lhes parecem inúteis e estéreis. É ainda uma referência à liberalização de costumes mostrando a revelação das suas orientações sexuais em que nada de extraordinário acontece para lá da experimentação inicial das pulsões humanas, fortemente condicionadas socialmente e que por isso as leva in extremens a experimentarem numa só noite de folia, o que somente na solidão dos seus quartos tinham timidamente ensaiado.
Olivia Wilde, actriz americana, que recentemente entrou como protagonista no filme “A Vigilante”, já comentado neste blog, esteia-se neste filme como realizadora e recria uma história já contada em “Juventude Inconsciente” de 1993, por Richard Linklater, duma forma mais autêntica e mais próxima do real, embora com intérpretes e problemáticas algo diferentes. Neste filme, em que tudo se passa de uma forma sem consequências nem riscos para os seus protagonistas, muito embora os problemas sejam passíveis de motivar preocupação, representa sem dúvida a afirmação feminina que se vem revelando um pouco por todo o lado, com mulheres focadas, que perseguem os seus objectivos, embora feito com meninas da geração “Z”, numa fase da vida em que encaram as dificuldades de se tornarem nas pessoas que querem ser.
Nestes termos é talvez o mais conseguido dos filmes que abordam esta temática com mulheres na primeira pessoa, construindo uma história que sem ser inédita se vê com curiosidade e interesse, pela manifestação de ansiedades fundamentais que se revelam em jovens no final da adolescência.

Classificação: 6 numa escala de 10

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