3 de maio de 2019

Opinião – “Guerra sem Quartel” de Lior Geller


Sinopse

Cidade de Washington. Símbolo da liberdade e do poder aos olhos dos EUA e do resto do mundo. Mas nas sombras dos monumentos e dos edifícios governamentais reside um submundo muito diferente das conhecidas imagens da capital americana – um mundo governado por gangues violentos e traficantes de droga implacáveis. Desenrolado ao longo de 24 horas no brutal meio da droga de Washington, um jovem hispânico sonha descobrir uma vida nova para si e para o seu irmão mais novo. Quando um veterano americano traumatizado chega ao bairro à procura de drogas para fugir à sua realidade, surge uma oportunidade invulgar que mudará a vida dos dois para sempre.

Opinião por Artur Neves

Jean-Claude Van Damme é um ator Belga nascido em 1960 especialista em Karate, e outras artes marciais que iniciou a sua carreira como bailarino aos 11 anos de idade e aos 18 anos teve de escolher entre as duas aptidões nas quais se revelou bom executante. A técnica de bailado adicionada às artes marciais permitiu-lhe conferir inovação aos filmes de ação, particularmente com um golpe de pernas de sua autoria em que atingia a cabeça dos adversários com uma rotação completa sobre si próprio.
Porém, 59 anos depois, este homem que não pode ser considerado velho, vale apenas pelo seu nome e pelo prestígio que esse nome empresta ao cinema, como neste filme, em que a sua presença, num papel modesto e apagado, serve somente para assinalar a presença de um mito criado no passado e que pelos vistos, ainda vende.
A história gira em torno do mundo da droga e dos gangs que a traficam, mostrando os rígidos códigos hierárquicos entre os seus membros, através de uma brutalidade no relacionamento com quem falha uma missão ou não cumpre as regras instituídas pelo líder, coração de pedra, como refere Rincon, (David Castanheda) quando confia a Lucas, (Elijah Rodriguez) uma missão complicada que inclui uma transação som um grupo rival.
Lucas, um jovem passador do gang de Rincon, que sonha com uma vida mais promissora para si e para seu irmão, entrega analgésicos e droga a Daniel (J.C. Van Damme) enquanto este, sem capacidade de falar e prestando serviço numa oficina de reparação de automóveis, onde flerta despreocupadamente Anna (Joana Metrass), afunda-se nas suas memórias traumáticas na guerra no Afeganistão e na sua dificuldade respiratória que o tolhe e limita os movimentos, mas que não o impede de constituir a ultima esperança de Lucas e de lhe prestar um apoio trágico.
Aqui reside a novidade deste filme, vermos van Damme a desempenhar um papel incomum na sua carreira, não necessariamente mau, entenda-se, mas estranho, considerando que nas suas expressões de dor, introspeção ou sofrimento, pretender convencer-nos de um certo grau de qualidade de representação que Van Damme sempre tentou demonstrar, sem todavia ser capaz de sustentar e de se tornar credível nessa vertente.
Todo o filme enfatiza o estereótipo da violência masculina dos membros “macho” do gang, com corpos literalmente cobertos de tatuagens gore, mostrando-os em modo de camara na mão, com movimentos bruscos entre o close-up dos rostos tatuados e a mão que empunha a pistola ou a faca, enfatizando as caraterísticas mais berrantes dos personagens, sem contudo mostrar outros aspetos do contexto.
É pois um filme de ação com enredo declarado, mas que prende o espetador pela truculência das cenas e pelos relacionamentos que nos são mostrados naquele submundo de atividades ilícitas.

Classificação: 5,5 numa escala de 10

Sem comentários: