4 de fevereiro de 2019

Opinião – “Vingança Perfeita” de Hans Petter Moland


Sinopse

Bem-vindos a Kehoe. A temperatura é de 10 graus negativos e a descer nesta requintada estância de esqui nas Rocky Mountains.
A polícia local não está habituada a ter de lidar com muita ação até que um dia o filho de Nels Coxman (Liam Neeson), um pacato limpador de neve, é assassinado às ordens de Viking (Tom Bateman), um excêntrico barão da droga.
Consumido pela raiva e armado com artilharia pesada, Nels parte para a vingança e decide desmantelar o cartel de Viking, um homem de cada vez, embora quase tudo o que ele sabe sobre homicídios vem do que leu em livros de crime.
À medida que os cadáveres se amontoam, as ações de Nels provocam uma guerra entre Viking e o gang rival liderado por White Bull (Tom Jackson), um chefe da máfia Nativo-Americano. Rapidamente, os sopés brancos da cidade vão começando a ficar pintados de vermelho.

Opinião por Artur Neves

Com base numa história já contada em 2014, pelo mesmo Hans Petter Moland, realizador Sueco de “Kraftidioten”, a história tem agora uma reedição americana, que para não fugir ao ambiente gelado da Escandinávia, decorre em Denver USA, no estado do Colorado, com protagonistas equivalentes e enredo a condizer, numa pequena cidade, a localidade de Kehoe que vive do turismo e dos desportos de inverno.
Tal como no primeiro filme em que um bando de traficantes Sérvios de droga mata o filho do protagonista, motorista de limpa neves, pessoa querida e reconhecida na terra, também aqui um crime semelhante ocorre, só que os traficantes são americanos, de boas famílias locais e dividem o território da droga com índios americanos, mantidos na reserva estadual que lhe permite autonomia através da contemporização das autoridades com o tráfico que eles praticam, num ato de justiça social por lhes terem ocupado os territórios, anteriormente de caça.
Esta transmutação de local permite uma certa nuance na moral do filme, considerando o relativismo moral da situação de contexto dos índios na América, que não era permitido aos sérvios na Suécia e assim se obtém alguma novidade de conceito, embora sem justificar a reedição.
Nels Coxman, abandonado pela mulher na sequência da morte do filho, sem todavia se perceberem completamente os reais motivos dela, está de mãos livres para encetar a “Vingança Perfeita” da morte do filho começando por investigar todos os antecedentes que lhe deram origem e liquidar, um a um, todos os implicados. Aqui, também as mortes são confirmadas com um separador que anuncia o falecimento e de morte em morte, a história segue uma toada lenta, pacata, considerando as paisagens geladas em que tudo se passa e ensaiando uns gags aqui e ali porque nesta história o ambiente de thriller tem os seus limites.
O mau muito mau e traficante mor, Viking, não passa de um psicopata chorão e imaturo que se circunda de um grupo de capangas feiosos, com dois homossexuais para apimentar o argumento, que todos os dias levam e trazem o filho da escola que vive em custódia partilhada com uma índia que foi sua mulher. O miúdo é francamente mais esperto do que o pai mas essa característica revela-se perfeitamente esdruxula nesta história.
No final consumam-se alegremente muitas mortes de ambos os lados, pelo que a leitura dos separadores é significativa, e Nels lá consegue a sua vingança e o seu descanso solitário. Nada que não se evapore até à saída do cinema.

Classificação: 5 numa escala de 10

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