8 de setembro de 2018

Opinião – “Pesquisa Obsessiva” de Aneesh Chaganty


Sinopse

Depois da filha de 16 anos de David Kim desaparecer, é aberta uma investigação e atribuído um detective ao caso. Mas após 37 horas sem uma única pista, David decide procurar no único sítio em que ainda ninguém tinha procurado e onde actualmente estão todos os nossos segredos: no computador da sua filha. Num thriller inovador contado através dos dispositivos tecnológicos que diariamente usamos para comunicar, David segue as pegadas digitais da filha antes que ela desapareça para sempre.

Opinião por Artur Neves

Por várias vezes, o festival de Sundance e o Sundance Institute (promovido e fundado por Robert Redford no estado do Utah/U.S.A, com o intuito de ajudar cineastas e cinematografias independentes) tem surpreendido a comunidade cinéfila por histórias e realizações inovadoras, quer no aspeto temático como na forma como visualmente se apresentam. Este filme é um desses casos, incluído na selecção oficial do festival de 2018 e vencedor do premio de audiência, por constituir uma forma inédita de apresentação da história que nos quer contar.
Por outro lado, constitui uma excelente apresentação para os menos avisados, quanto ao potencial que têm em mãos, ao manipular um smartphone ou qualquer dispositivo de comunicação ligado à Internet com acções de partilha com outros dispositivos, bem como, a irrevogabilidade de tudo quanto publicamos e partilhamos nas redes sociais com a mais inocente disponibilidade de comunicar aos outros as nossas novidades.
A história é bem simples, uma família em que a mãe morre por doença, um pai ocupado com o seu trabalho e uma filha em idade escolar que subitamente desaparece durante uma semana sem qualquer motivo que o justifique, salvo, desastre, fuga deliberada ou rapto. Só que, para tentar superar a dor provocada por este evento inesperado o pai senta-se à secretária e vasculha em todos os lugares ao seu dispor; Facebook, Twiter, Instagrama, WatsUp, mensagens de comunicação telefónica, arquivos que a filha tinha no computador, ligações suspeitas pelos mais diversos indícios, “krakandopasswords, de encriptação de ficheiros e de contas pessoais, para entrar em contacto com pessoas e factos até então totalmente desconhecidos para ele, que preocupado com a sua atividade profissional tinha-se “esquecido” de conhecer a filha.
Claro que numa situação destas há intervenção policial e acções de campo, mas são-nos todas apresentadas em forma de notícia, ou de filme captado por câmaras de vigilância, integradas na rede de comunicação que envolve a sociedade tecnológica em que vivemos. Não se pense que isso atenua o drama e a dor da perda de David Kim (John Cho), implícitos na história do desaparecimento de Margot (Michelle La) pois estão todos lá, pela mão de Aneesh Chaganty, argumentista e realizador que de forma notável, nos apresenta este primeiro thriller de Hollywood dirigido por um ator asiático-americano.
O grande destaque desta realização é a sua execução visual, quase totalmente apresentada através da captação de imagens de computador e de smartphones que interligam os factos significativos da história de forma mutável, dinâmica e com os necessários twists que mantêm vivo o interesse do espetador e a surpresa até ao final. É uma nova linguagem em cinema, uma novidade, recomendo.

Classificação: 7,5 numa escala de 10

1 comentário:

Marisa Luna disse...

Boa tarde!
Fiquei com vontade de ver este filme.
Beijocas