12 de julho de 2018

Opinião – “Plano de Fuga 2: Hades” de Steven C. Miller


Sinopse

Quando Shu Ren é raptado e preso na complexa prisão de Hades, Ray Breslin é chamado a resgatá-lo. Especialista em entradas em espaços de alta segurança e vigilância apertada, vai infiltrar-se, juntamente com Trent Derosa e a sua equipa, nessa prisão computorizada e em permanente mutação de espaços e divisões.

Opinião por Artur Neves

Quando em 2013 Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger interpretaram “Plano de fuga”, um desafio de evasão de uma prisão de alta segurança perpetrado por dois especialistas em segurança não poderia pensar-se que uma ideia tão peregrina como esta pudesse ter uma sequela. Afinal enganámo-nos e ela aqui está em “Plano de Fuga 2” procurando complicar o que já era complicado no primeiro filme, concebendo um edifício que está em constante mutação volumétrica por acção de um programa de computador.
Desta vez o Arnold não esteve pelos ajustes e o Stallone (Ray Breslin no personagem) muito longe dos seus desempenhos em “Rambo” ou na saga “Rocky”, socorreu-se de um Dave Bautista façanhudo (Trent Derosa) e vai de interpretar uma equipa de especialistas em fugas para salvarem o terceiro elemento cativo em Hades.
Tudo isto poderia ter algum sentido se a acção tivesse pretensões de realismo e verosimilhança como noutras histórias com este tema, como por exemplo em “O Rochedo” de 1996 ou mais epicamente em “Papillon” de 1973 baseado numa história real. Mas não, nesta história é tudo fantasia, realizada com a arte de encantar que aqui apenas serve para embebedar os incautos que possam aceitar como possível a contínua movimentação das paredes de uma prisão, sem considerar os imprescindíveis ancoramentos das estruturas, sem os quais tudo aquilo cairia como um baralho de cartas mal equilibrado.
O argumento é muito simples, como convém, para justificar as sucessivas demonstrações de artes marciais e de wrestling, igualmente levadas ao extremo de execução entre as quais o plano de fuga toma forma socorrendo-se de ligeiros artefactos quotidianamente normais, mas que ali são suficientes para ultrapassarem o maquiavélico poder do computador Hades que controla toda a prisão e os elementos que lá estão retidos.
Durante 96 minutos, Steven C. Miller, realizador americano de filmes de aventuras com pouco contexto, como por exemplo em “Saqueadores” de 2016, onde manifestamente falha por não saber segurar o argumento e privilegiar a ação ao enredo, ou em “Arsenal” de 2017 com uma história paupérrima, faz-nos seguir mais esta história fraquinha, que progride lentamente, ao ritmo da escassez de elementos que eventualmente a poderiam valorizar. Nestas condições inevitavelmente o bocejo surge, intervalado pela consulta do relógio na escuridão da sala, pois para tão pouca “uva” a “parra” do tempo é incomensuravelmente longa.

Classificação: 4 numa escala de 10

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