7 de junho de 2018

Opinião – “Madame” de Amanda Sthers


Sinopse

Tentando dar nova vida a um matrimónio moribundo, Anne (Toni Collette) e Bob (Harvey Keitel), um casal americano rico e bem relacionado, mudam-se para uma mansão na romântica cidade de Paris. Enquanto prepara um luxuoso jantar para um grupo de amigos sofisticados, Anne descobre que há 13 convidados à mesa. Em pânico, insiste que a sua leal criada Maria (Rossy de Palma) se disfarce de uma misteriosa aristocrata espanhola para alterar o número agoirento. No entanto, demasiado vinho e conversas divertidas levam a que Maria capte, por acidente, as atenções de um dândi britânico e comerciante de arte (Michael Smiley). O seu romance vai levar Anne a perseguir a sua criada pelas ruas de Paris e, finalmente, a planear destruir esta entusiasmada união amorosa.

Opinião por Artur Neves

“Madame” conta-nos uma história passada entre diferentes níveis sociais no sentido da parábola romântica “o príncipe e a plebeia” que vai sendo comum nos nossos dias (veja-se o recente casamento ocorrido na família real Inglesa no mês passado) todavia com as necessárias reservas considerando que em “Madame” o “príncipe” corresponde a um tosco e petulante comerciante de arte e a plebeia corresponde à criada principal de uma família com pergaminhos, mas irremediavelmente falida, que ao pretender vender um quadro famoso, organiza aquela reunião gastronómica e usa a sua empregada principal como adorno, apenas para satisfação do desejo pueril, de conseguir um número conveniente de convidados sentados à mesma mesa.
Só que, a comida, o vinho e o ambiente geral do jantar servido cerimoniosamente, têm o condão de despoletar naquele ser até então despretensioso e humilde, a assunção do papel encomendado e o lampejo de evolução da sua condição servil, através da manifestação da sua opinião relativamente aos assuntos versados no jantar. Esse pormenor não escapa ao nosso “príncipe” que numa primeira fase a vê tal como a nobre personagem criada e publicitada pela anfitriã daquele jantar, gerando-se assim um equívoco social proporcional à entrega de cada um dos intervenientes.
Maria, (Rossy de Palma, atris fetiche de Pedro Almodôvar) embora surpreendida com o nível do pretendente, vive assim o seu sonho de amor idílico, sincero, completo, com o “príncipe” que numa primeira fase também lhe devota atenções e afetos adequados à pessoa que ele pensa ela ser, e a quem corteja. É óbvio que neste contexto, isto não pode acabar bem e aqui começam os problemas desta comédia dramática.
Amanda Sthers faz o pleno neste filme; escritora, argumentista e realizadora, tem o azar de não escolher os intérpretes mais adequados ou, pior ainda, de não os saber conduzir. Anne (Tonni Collette) normalmente sempre agradável de ver noutras representações, cria aqui um personagem demasiado frívolo e competitivo com quem não está à sua altura nem tem condições para tal. Bob (Harvey Keitel) ator experiente e de qualidade comprovada, encontra-se em roda livre neste papel parecendo um estranho em todo aquele imbróglio. Daqui pode concluir-se que Amanda Sthers teve nas mãos um diamante que não soube cortar e muito menos lapidar. Para Rossy de Palma, para o seu desempenho entusiasmado no início e sofrido na hora da desilusão, vão 70% da classificação a seguir atribuída.

Classificação: 6 numa escala de 10

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