1 de fevereiro de 2018

Opinião – “Todo o Dinheiro do Mundo” de Ridley Scott

Sinopse

John Paul Getty III, (Charlie Plummer) um adolescente de 16 anos e neto do homem mais rico do mundo, Sr. Getty, (Christopher Plummer) é raptado enquanto passeia em Roma. Ao perceber que os raptores exigem uma quantia exorbitante de dinheiro, a sua mãe, Gail Getty (Michelle Williams) rapidamente recorre ao sogro em busca de ajuda. Quando o Sr. Getty se recusa a pagar o resgate, Gail faz de tudo para o convencer. Com a vida do seu filho em jogo, Gail alia-se ao braço direito do Sr. Getty, Fletcher Chase (Mark Wahlberg) numa corrida contra o tempo que revela a verdade sobre o valor do amor vs dinheiro, nas grandes fortunas.

Opinião por Artur Neves

Esta história relata um dos eventos mais marcantes na vida do primeiro grande magnata da exploração petrolífera americana, Jean Paul Getty, primeiro explorador do petróleo da Arábia Saudita e fundador da Getty Oil, posteriormente adquirida pela Texaco e integrada nesta em 1984. Paul Getty foi um milionário colecionador de arte e de antiguidades que estão expostas na sua mansão em Malibu, atualmente transformada em museu, na Califórnia.
Adicionalmente, este filme contém ainda outro aspeto curioso, embora externo à história, considerando que após as acusações de assédio sexual que explodiram e ainda proliferam nos USA e atingiram o ator Kevin Spacey inicialmente convidado para o papel de Paul Getty, este foi substituído por Christopher Plummer, tendo o realizador Ridley Scott refilmado todas as cenas em que intervinha Kevin Spacey, substituindo-o pela sua nova escolha.
Assim, “Todo o dinheiro do Mundo” apresenta-se como uma grande produção que mistura dados biográficos com um thriller que confere ritmo e ação ao filme, ao sabor e ao tom de um grande realizador que já nos apresentou muito boas obras neste género. E isso nota-se, considerando que os dois aspetos anteriormente mencionados, a biografia e o thriller, se rivalizam na medida que tornar factos reais, de pessoas reais, em ação e suspense não é propriamente uma tarefa linear.
David Scarpa, escritor do argumento baseado no livro de John Pearson, consegue essa proeza através da alternância narrativa entre a descrição da vida do magnata, o cativeiro do neto, a intervenção do homem de confiança do avô Fletcher Chase e o desespero angustiado de uma mãe que se vê limitada de meios para salvar o seu filho mas que não pára de lutar com todas as “armas” ao dispor, mesmo admitindo que luta contra forças inamovíveis e poderosas.
Ridley Scott confere essa dinâmica ao relato fílmico através de flashbacks sobre o magnata, sua vida profissional e familiar, dando ao espetador toda a informação que é necessária em cada momento, conduzindo-o no seu raciocínio e na sua observação dos factos, não deixando a ação descambar para a aventura fácil dos polícias bons e dos vilões maus, pois todos têm a sua posição bem demarcada naquela história, nem sempre lisonjeira para um dos lados e surpreendente de onde menos se esperava.
Corporiza assim um espetáculo que se vê com agrado durante os seus 132 minutos de duração mas em que o tempo não nos pesa, marcado por diversas voltas da narrativa que nos inspiram reflexões sobre a vida e sobre o que significa; verdadeira felicidade.

Classificação: 8 numa escala de 10

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