6 de setembro de 2016

Opinião – “O Sr. Perfeito” de Paco Cabezas


Sinopse

Hiperativa nos seus melhores momentos, Martha (Anan Kendrick) fica completamente maníaca desde a sua última separação. Ela vai a festas compulsivamente, cozinha tudo o que tem pela frente - e está determinada a fazer algo terrível, quando encontra Francis (Sam Rockwell). Para qualquer um, a abordagem de Francis seria estranha, mas Martha fica intrigada. Eles parecem ser o par perfeito: ela é doida e ele é doido… mas de um modo mortífero. Na verdade, ele é um assassino profissional. Um hitman com uma causa, Francis mata as pessoas que encomendam os seus assassinatos. Quando os serviços de Francis são solicitados por um cliente duvidoso que está a ser perseguido por um agente do FBI igualmente duvidoso (Tim Roth), e à medida que os cadáveres se vão amontoando, Martha tem de decidir se vai fugir ou juntar-se à carnificina.

Opinião por Artur Neves

Receita para um filme marado
Ingredientes:
Uma jovem frustrada por várias relações fracassadas e desiludida com a vida, com os outros e com ela própria.
Um assassino profissional com um rebate de consciência, ou uma tentativa autónoma de redenção que o faz matar os seus clientes, em vez dos alvos encomendados por estes.
Um segundo assassino profissional, anteriormente colega do primeiro mas que rompeu com a ligação desde que o seu sócio se apresentou com aquele comportamento insólito. Tem uma particular capacidade de disfarce e de se fazer passar por quem não é.
Um clã de traficantes de droga e assassinos que pretende combater um grupo rival, mas cujo irmão mais novo pretende eliminá-lo para tomar o poder do gang.
Essência de morte frequente e gratuita
Essência de impunidade geral
Essência de tiroteios sem consequências, pois apesar dos múltiplos e longos tiroteios, e do sofisticado arsenal bélico apresentado, quem interessa salvar para continuar a história salva-se sempre sem um arranhão.
Preparação:
Apresenta-se o primeiro assassino profissional para lhe denunciar o trauma e criar ambiente, bem como a moça desvairada com o seu destino, que não sabe mais o que fazer para ser feliz no amor que procura incessantemente.
Promove-se um encontro estranho entre os dois, sem que ele lhe revele a sua verdadeira actividade profissional e onde se desenvolva uma química entre ambos, que mesmo que os posteriores encontros sejam “polvilhados” de emboscadas, lutas, perseguições e mortes o romance floresce, afirma-se e a rapariga sente ter encontrado o “príncipe encantado” que procurava.
Cria-se então um caso complicado da guerra entre os gangs rivais, mantendo sempre a ameaça latente do antigo colega de profissão que apesar de chegar perto não é capaz de o molestar. Juntam-se, fugas, perseguições, muitos tiroteios e finalmente a captura da “bela” que surpreendentemente também apresenta propensão para a luta e para a morte gratuita, ao ponto de ser ela que, in extremis, salva o seu amado justificando-se a elevada compatibilidade entre ambos.
Deve servir-se frio, porque apesar de ter muito movimento não dá para aquecer.
Conclusão:
É pois, isto que Paco Cabezas, realizador espanhol nascido em 1976 em Sevilha, nos apresenta nesta obra escrita em parceria com Max Landis, misturando acção, com romance de cordel, com mistério e com filme negro de gangs e luta pelo poder. O resultado só pode ser confrangedor porque não se encontra um pormenor de seriedade na maioria das sequências, em cujo desenrolar suportam-se sempre de situações forçadas e improváveis, de bandidos de pacotilha, de lutadores de aparência, tornando o argumento deficitário de interesse. A forma da minha escrita tenta traduzir a “salada” de este filme se compõe que dá a ideia de uma construção baseada no estereótipo do filme de acção, adicionando muita “porradinha” e romance de cordel que na opinião do autor, deve ser essencial para a promoção da venda do produto.

Classificação: 4 numa escala de 10

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