8 de agosto de 2016

Opinião – “Mas que Família É Esta?” de Gabriel Julien-Laferrière


Sinopse

Bastien, 13 anos, é filho único… mais ou menos. Os divórcios e namoros de seus pais e padrastos resultaram em seis meios-irmãos e irmãs. Isto significa muitas mães, muitos pais e muitos quartos em que as crianças passam algumas noites antes de irem para casa de outro dos seus pais. Bastien fartou-se e põe em acção um plano revolucionário: os miúdos vão viver num só local e vão ser os adultos a fazerem as rotações.
Confrontados com as complicações que impingiram na vida dos seus filhos, os pais aceitam experimentar, com relutância, este novo plano de Bastien… esperando secretamente que tudo volte ao normal. Mas nada acaba como esperado e são os adultos que, graças aos sete filhos, descobrem que uma família fragmentada se pode unir em solidariedade nesta confusão de casa.

Opinião por Artur Neves

São de facto muitos os membros desta família resultante de vários casamentos e “descasamentos” (divórcio será um termo demasiado sério para o que se passa aqui) donde resultou uma extensa prole que sofre com as mudanças de local de habitação ao sabor da convenção e da disponibilidade dos adultos que os enquadram. Daqui resulta uma verdadeira “Revolta na Bounty”, por parte dos mais novos, que vai expor as limitações e os conflitos dos nossos cânones sociais que apesar de serem conhecidos e reconhecidos, só muito lentamente as sucessivas gerações vão encontrando soluções adaptadas, ainda que individuais e particulares de cada caso.
Claro que em registo de verão quente… muito quente… esta temática tão nuclear da nossa existência colectiva, só pode ser abordada de modo ligeiro, embora na história, nos diálogos, nas acções e nas escolhas que desfilam aos nossos olhos toda a problemática está bem retratada em toda a complexidade dos relacionamentos heterossexuais versus casamento. Através dos tempos os relacionamentos mantiveram-se e mantêm-se, os casamentos é que têm de mudar e mudam, porque no limite, o amor continua e é perene como a relva.
Meu caro leitor, não se admire com a minha prosa, pois eu entendo que não há assunto por mais sério que seja, que não possa ser abordado com ligeireza, tal como neste filme, que pega nesta eterna questão, de “cernelha”, expurga-lhe o sofrimento inerente, reformula a acção do ponto de vista de um punhado de jovens actores bem conduzidos, e apresenta-nos esta problemática pelo lado lúdico das inconveniências de calendário, da confusão dos horários e das obrigações e de outras condicionantes exógenas dos adultos que lhes deram origem e apresenta-nos um filme bem-disposto, coerente, surreal q.b., que nos faz passar um tempo divertido e até por vezes emotivo.
A história está razoavelmente bem urdida, Bastien (cujo nome do jovem actor não consegui encontrar) corporiza um líder convencido do seu papel, que nos faz sorrir e também pensar na continuidade do amor, embora adaptado à época. No final temos um filme que podemos classificar como; “água com açúcar” mas que se lhe juntarmos uma parte de sumo de citrino e adicionarmos um pouco de gás, ficamos com uma bebida para ser tomada bem fresca, capaz de amenizar a temperatura dos dias.

Classificação: 5,5 numa escala de 10

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