Sinopse
Uma
história de amor contida e repleta de nuances,
o filme tem lugar numa sociedade utópica futurista, onde as emoções foram
geneticamente suprimidas, num esforço para proteger a sociedade contra a guerra
e os conflitos que destruíram gerações anteriores. Ocasionalmente, a supressão
falha e as emoções surgem em indivíduos – o Colectivo chama a esta doença
Síndrome de Operacionalidade Sistemática, ou SOS. Como a sociedade está cada
vez mais ameaçada por esta crise de saúde, todos os doentes de SOS são
fortemente medicados ou enviados para o NEA, um centro de correcção do qual
ninguém regressa.
Kristen
Stewart e Nicholas Hoult interpretam Nia e Silas – os desafortunados amantes do
filme, que se conhecem enquanto colegas na revista científica Atmos. À medida
que Silas começa a sofrer o início do SOS e as suas emoções despertam, ele dá
por si irresistivelmente atraído por Nia, que esconde também sofrer de SOS.
Quanto mais tempo tentam reprimir a sua evidente ligação, mais as chamas da atracção
se inflamam. Mas, com o recém-descoberto prazer da intimidade, vem a ameaça de
serem descobertos e internados no NEA. Com o apoio de um grupo de doentes de
SOS que pensam da mesma forma, percebem que a fuga é a sua única opção.
“Iguais”, realizado pelo talentoso cineasta
americano Drake Doremus, é um filme emocional e visualmente cativante, com
argumento de Nathan Parker e baseado numa ideia original de Doremus.
Opinião por Artur Neves
Drake
Doremus, realizador Americano nascido em 1982 na Califórnia, tem como curriculum cinematográfico os filmes:
“Spooner”, uma comédia mais ou menos romântica em 2009, “Like Crazy” e “Um novo
Fôlego” duas histórias de amor em 2011 e 2013 respectivamente, e em 2015, este
“Iguais” que também não se afasta da história de amor romântica, excepto no
facto de acontecer numa sociedade distópica (e não; “utópica” como é referido
na sinopse) num futuro não referenciado. Como tal, não percebo também como a
sinopse anterior o refere como; “talentoso”, considerando que este epíteto deverá
ser atribuído ao autor de uma obra com mais profundidade do que esta. Ser
produzido pela Scott Free Productions
é que para mim constitui surpresa, pois Ridley Scott não é propriamente um
estreante neste género de cinema tal como demonstrado em: “Gladiador”, “Prometheus”,
“Perdido em Marte” e outros mais antigos.
Então,
nessa sociedade fabricada artificialmente por seres desprovidos de emoções (os
que as tinham eram classificados como defeituosos) dois dos seus membros
degeneram e apaixonam-se, primeiro contidamente, depois desesperadamente pois
sabem que se forem descobertos o seu destino é uma punição severa com privação
de liberdade para “tratamento da doença” e no limite, a morte. A procriação é
designada por escolha e conseguida através de inseminação artificial, sendo o
estado quem se ocupa do desenvolvimento do novo ser após o parto, sem que haja
lugar para a noção de maternidade.
O amor
acontece entre Silas (Nicholas Hoult) e Nia (Kristen Stewart) que tem no seu curriculum ter sido a estrela de
“Crepúsculo” particularmente adequado para uma apaixonada, sofredora e
sacrificada, que possui a experiencia prévia de um caso de amor com vampiros. A
acção decorre no ambiente asséptico do tal futuro distópico, com pessoas
obedientes, absolutamente funcionais, trabalhadores controlados, cumpridores
nos horários e nos comportamentos, em que o estado confia plenamente
considerando a ampla liberdade com que se movem no seu espaço de trabalho, em
casa ou no lazer, sem uma câmara de vigilância, ou outro meio de controlo além
da “picagem do ponto” matinal à entrada do escritório.
Como
bons clandestinos ao desrespeito da ordem instituída, usam os lavabos (comuns
para homens e mulheres, considerando que são desprovidos de emoções) como lugar
de encontro para a consumação do sentimento descoberto, para lá do horário
normal de trabalho, sem que isso levante qualquer suspeita concreta aos colegas
e superiores. Ou seja, para resumir a contradição, tudo se passa numa sociedade
futurista e perfeita, com os defeitos mais comuns da nossa sociedade normal,
que o tal futuro pretende resolver através daquela nova ordem instituída.
E assim
decorrem cerca de 100 minutos, com uma fraquinha história de amor proibido,
entre os lavabos do emprego, a casa dele e o lugar de reunião com outros
clandestinos para prepararem a fuga que se vem a realizar atabalhoadamente e
com soluções de último recurso, que baralham os dados iniciais postulados para
o desenvolvimento desta história. Se o realizador pretendia figurar uma
sociedade sem emoções, conseguiu perfeitamente tanto na história como neste filme,
onde falta “chama”.
Classificação:
4,5 numa escala de 10
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