26 de junho de 2015

Opinião - O Homem Pintado - Peter V. Brett


Título: O Homem Pintado
Autor: Peter V. Brett
Editora: Gailivro

Sinopse:
Por vezes existem boas razões para se ter medo do escuro. Arlen vive com os seus pais na sua quinta isolada a meio dia de viagem do pequeno povoado de Tibbet’s Brook. Mas no mundo de Arlen quando a noite cai uma estranha névoa começa a erguer-se do chão, uma névoa que promete uma morte terrível para todos aqueles que sejam suficientemente loucos para enfrentar a escuridão, pois demónios esfomeados, que não podem ser feridos por armas comuns materializam-se na névoa para se alimentarem dos seres vivos. Quando a noite cai as pessoas não têm outra alternativa se não esconderem-se nas suas casas cuidadosamente guardadas com símbolos mágicos de protecção que são a única coisa capaz de manter os demónios à distância até que chegue o nascer do sol. Nesta história três jovens irão oferecer à humanidade uma última e fugaz hipótese de sobrevivência.

Opinião por Andreia Dias:
O Homem Pintado foi uma leitura sugerida por uma conhecida, na altura ela tinha-me feito um pequeno resumo, que agora sei ter sido muito aquém do que o livro me proporcionou, e me despertou interesse. Ainda demorei algum tempo a pegar nele, pelo que apenas o comecei a ler depois de já ter o segundo volume (A Lança do Deserto) na estante em lista de espera.
A história do livro do O Homem Pintado foca-se numa sociedade que vive assombrada por demónios nocturnos, literalmente. Durante a noite, mal o Sol desaparece do céu, nascem/materializam-se/aparecem variados tipos de demónios que são especialistas em destruir tudo o que puderem, em especial os humanos, pelo que a humanidade encontra-se quase num período de extinção… Não fosse pelas guardas (símbolos pintados que possuem magia) que usam para se protegerem e impedirem que os demónios tenham acesso às suas casas e afins. Só que nem sempre as guardas são eficazes e, quando falham, raramente há sobreviventes para contar o que se passou.
Neste enquadramento, encontramos os três protagonistas do livro: Arlen, um rapaz que sonha ser mensageiro e que fica destroçado quando a sua mãe morre por ter sido atacada por um demónio. Leesha, uma rapariga que sonhava casar-se e ter filhos, mas cuja fatalidade das más-línguas lhe traçam um caminho diferente que ela não previu. E, por fim, Roger, um simples miúdo que viu toda a sua família morrer num ataque de demónios quando as guardas falharam. Três personagens marcadas pela tragédia que, aos poucos, se vão apercebendo que não são pessoas como as outras, bem, pelo menos nós percebemos isso por elas.
No início, tenho de confessar, pareceu-me que poderia ser um pouco confuso haver três personagens principais, mas Peter V. Brett mostrou com mestria que isso pode fazer-se sem qualquer tipo de confusão. Adorei cada uma das personagens de tal forma que era-me difícil passar de um ponto de vista para o outro sem querer saber mais deles e do que aconteceu. À sua maneira, cada um mostra ter uma personalidade própria e bem definida que nos cativa e nos prende à leitura e nos faz sentir que podem realmente existir.
Ao longo do livro acompanhamos o percurso dos três e vamos vendo o seu crescimento até cada um se tornar adulto, acompanhamos as suas vivências e entendemos porque cada um se tornou naquilo que é até ao final do livro. Penso que este primeiro livro serviu essencialmente para isso, para nos introduzir as personagens e as suas histórias para os livros que se seguem e relatar outros acontecimentos marcantes na luta contra os demónios.
Além da história, algo que tenho a focar é as sociedades e formas de pensar que ao longo do livro nos são mostradas. Não pude deixar de fazer uma comparação social entre as sociedades fictícias e as sociedades reais, pois apareceram muitos acontecimentos e menções a situações que na realidade também acontecem, infelizmente.
Outro ponto importante, que o personagem Arlen vai focando é que as pessoas, todas, se deveriam unir na luta contra os demónios em vez de se esconderem e se isolarem cada um no seu canto… No entanto, só para o final do livro parece começar a fazer efeito, dando-nos alguma esperança que isso possa vir a acontecer e deixando-nos a questão: Na realidade, num mundo daqueles será que todos os humanos se uniriam contra uma ameaça comum?
Por fim, relativamente à escrita, adorei a simplicidade dela e a forma como o escritor usa as palavras para descrever os acontecimentos. Os capítulos têm a dose certa de acção e emoção para nos deixar agarrados ao livro e aos personagens. Não há muitos momentos mortos ou momentos que não sejam importantes para a história e isso mantém o interesse.
Uma questão que me ficou também, foi se o livro seria uma pseudo distopia, por causa da forma como é apresentada a história dos demónios enquadrando outros pormenores que são referidos ao longo dos livros.
Recomendo o livro a pessoas que gostam de fantasia com montes de emoções, em especial a leitores de livros como O Nome do Vento, A Guerra dos Tronos.

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