20 de julho de 2012

Opinião - Branco


 
Título: Branco
Autor: Rosie Thomas
Editora: Saída de emergência

Sinopse:
Um livro que nos mostra os limites do sacrifício humano,a auto-confiança, e o poder da compaixão. 
Dois homens que enfrentam os seus demónios e uma mulher que persegue o seu próprio sonho. Para Sam MacGrath um encontro fugaz com uma jovem num voo turbulento, é o suficiente para lhe mudar a vida. Loucamente atraído por ela, cede ao seu impulso e decide segui-la até ao Nepal. A jovem Finch Buchanan ingressa numa expedição aos Himalaias como médica, mas quando chega, reencontra um homem que nunca conseguiu esquecer. Al Hood fez uma promessa à filha: se conquistar o pico desta montanha,deixará a escalada para sempre. 
O Evereste eleva-se sobre o grupo, lindo e silencioso. Contra as ameaças do clima e da altitude, ergue-se a paixão e a força de vontade. As relações intensas entre Finch, Al e Sam, começam a desenrolar-se... Perante tamanho desafio, as consequências podem ser trágicas.

Opinião por Ana Rita Domingos:
Há histórias que gostávamos que fossem reais. Há histórias que nos fazem sonhar, afastando-nos da realidade, durante horas incontáveis. E há histórias que nos marcam pela sua profundidade! Foi o que aconteceu ao ler este livro. Contava que fosse somente mais um de entre tantos… mas tocou-me como já não me acontecia há tanto tempo. 
A contar com uma leitura leve, de uma autora a quem já havia ouvido boas críticas, esperava umas horas de uma leitura calma, sem grandes sobressaltos. O que encontrei foram horas de uma escrita ricamente conseguida, firmemente assente numa pesquisa profunda do mundo do alpinismo. Neste campo, Thomas conseguiu distinguir-se de outras leituras que já tive deste género, com uma pesquisa cuidada de terminologia que, mal empregue ou mal fundamentada, poderia levar leitores leigos na temática do montanhismo a perderem-se em termos incompreensíveis ou desconexos. 
Mas, saudada a capacidade da autora em empregar de forma concisa o seu trabalho de pesquisa antes de construção do livro devo, igualmente, debruçar-me sobre o que tornou, na minha opinião, este livro tão marcante. Se é certo que todos temos sonhos, esperanças de grandes realizações pessoais, ânsia de feitos marcantes, Thomas conseguiu traduzir esse humanismo para os seus personagens, um grupo deveras heterogéneo mas, de facto, com grandes ambições: o cume dos Himalaias, o Evereste. 
Com o imponente colosso como principal cenário deste livro, Thomas foi capaz de transportar um grupo de destemidos alpinistas para o topo do mundo, sem romantismos literários, sem grandes heroísmos fantasiosos, sem milagrosas conquistas inimagináveis. Em oposição, mostrou uma realidade sofrida e enfrentada por centenas de homens e mulheres de todo o mundo, as lutas diárias e as privações, o cansaço e o desgaste físico e mental, o frio ardente que rouba os mais desafortunados ou incautos levando-os a amputações dos membros. E depois de conquistas com que muitos de nós apenas podem sonhar, o regresso a casa, à família e aos amigos, o regresso com uma parte do corpo perdida para sempre e a sombra da morte a ensombrar o olhar. No fundo, uma reflexão sobre a barreira da morte a um futuro de sonho e esperança…

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