16 de dezembro de 2010

Opinião - Sorte


Título: Sorte
Autor: Alice Sebold
Editora: Casa das Letras

Sinopse:
Alice Sebold cumpriu a promessa que fez a si própria no túnel onde, caloira universitária, foi violada aos 18 anos: evocar, em livro, essa experiência que, apesar do tempo já passado, tem pontuado o seu viver. Trata-se de um relato que agarra o leitor, não apenas pelas emoções transmitidas, mas também pela convicção profunda de que a justiça ainda é possível. Além de ficarmos a conhecer a personalidade indomável dessa jovem que um dia sonhou ser vedeta, Sorte relata-nos ainda, em linguagem mordaz e emocionante, o crime que mudou, mas não afundou, a mulher em que Alice veio a transformar-se. O importante, para ela, foi, de facto, manter a calma e a lucidez e lutar por uma vida normal, ou seja, fazer com que o inferno e a esperança conseguissem conviver na palma da sua mão. O caso, arquivado por falta de provas, foi reaberto seis meses mais tarde, quando, ocasionalmente, ela se cruzou com o violador na rua. É, então, que se inicia o longo caminho que domina este thriller da vida real.

Opinião por Inês Santos:
Alice Sebold conta-nos a sua história, centrando-se no acontecimento mais importante e marcante da sua vida - a sua violação.
Com pormenores e diálogos precisos, vai-nos descrevendo passado e futuro, alternando aleatoriamente, mas voltando sempre àquele trágico dia.
Partilha connosco memórias, amigos, família, desconhecidos. Descreve-nos ruas e cidades, edifícios e países por onde passa e se aventura mais na segunda metade do livro.
Relativamente à história, é tudo bastante credível e o inicio é bastante... desconcertante, mas Alice Sebold vai tornando a palavra e o conceito de violação quase sem significado, de tantas vezes que a repete ao longo do livro. Isto para mim foi um ponto negativo, já que torna o texto bastante repetitivo e a história demasiado badalada.
Por um lado não posso julgá-la, apenas ser solidária, mas por outro a autora ao passar tudo para livro disponibiliza-se para isso. Apesar de tudo é óbvio o seu sucesso, a sua garra, a sua coragem, mas também as suas mudanças, as suas falhas, principalmente quando ela sumariamente nos descreve o mundo da droga e do álcool onde ser perde por um período de tempo, pouco perceptível, o que de certa maneira desvaloriza a imagem que criámos dela na primeira metade do livro.
Lê-se bem, já que Sebold é sem dúvidas uma óptima contadora de histórias. A minha parte preferida foi sem dúvida a do tribunal.

1 comentário:

Ana C. Nunes disse...

Li este livro há uns anos, e maioritariamente, concordo com esta opinião.
Achei que a autora foi tão "fria" e desprovida de emoções ao descrever a sua experiência, que se tornou difícil sentir mais do que nojo.

E também não gostei nada quando ela, no fim, contou a sua passagem pelo mundo da droga, pelas mesmas razões mencionadas neste post. Afinal, mostrara tanta força até ali, e depois deixou-se levar. Talvez o livro tivesse sido mais rico se essa parte fosse omitida.